martes, 22 de julio de 2008

Porque te quero

Amigos,

A inspiraçao nao acabou, nem o tempo me estar a impedir de escrever... Apenas completo a história em papel para orientar as idéias de forma que haja interesse. Enquanto isto, desejo a todos umas boas férias de verao para quem está do lado de cá ou bom trabalho, para quem está do lado de lá.

(Neste teclado espanhol nao há o "til" comum ao português de forma que o "verao" e "nao"... já fica explicado)

ADORO-VOS!!

domingo, 6 de julio de 2008

A borboleta

Na casa de Serginho, as coisas também não corriam da melhor forma. Sua mãe trabalhava de atendente numa loja e à noite limpava uma escola para poder manter a casa. Apesar de aparentemente parecer que vivia bem e ao contrário da vida que tinha Carolina, sua casa de excelente aparência, era da sua avó. Por sorte já estava totalmente paga e por este motivo, moravam todos ali.
Conheci Serginho enquanto era professor e lembro-me bem que ele não me parecia uma criança muito feliz. Era tímido e inseguro. Tinha poucos amigos para brincar, mas era apaixonado por animais. Um dia levou uma lagarta e uma borboleta à sala de aula e ensinou aos seus colegas como surgia aquela bela criatura a partir de outro bicho. Todos ficaram encantados à sua volta, mas assim que o chamaram para outra actividade que eventualmente lhe integraria ao grupo, não aceitava de forma alguma. Sempre preferiu estar em seu mundo. Sem grandes amizades.
Carolina me contou que uma vez Serginho lhe propôs em casamento quando ela completou quinze anos de idade, mas que depois disse que estava a brincar. Naturalmente, o rapaz não teve coragem de assumir a façanha do impulso e se arrependeu. Ela disse que não se importou. Sempre o considerou muito como um bom amigo, e era natural que um dia ele confundisse as coisas.

- Carolina está, D. Amélia? - Perguntou Serginho, naquela manhã antes do almoço.
- Não está não, meu querido. Eles foram embora hoje cedo e não sei quando minha neta virá outra vez. É sempre uma surpresa a sua chegada. - Disse D. Amélia, melancolicamente.
- Que pena. - Disse ele, com timidez - Queria lhe mostrar uma coisa.
- Que coisa, Serginho? - Perguntou D. Amélia olhando para a caixinha que ele trazia nas mãos.
- É uma lagarta que estou criando. Hoje mostrei lá na minha Escola e todo mundo gostou muito...
- Todo mundo? - Exclamou D. Amélia a sorrir com a frase entusiasmada dele.
- Quer dizer, quase todo mundo. - Respondeu, sem se importar com o indagação de D. Amélia. - Menos uma menina que entrou na Escola esta semana. Mas não faz mal. Não podemos agradar a todos, não é mesmo?
- É verdade... Não podemos agradar a todos. - Disse ela, lembrando do Fernando e seu problema com a Clara. "Pobre homem," - Pensou ela, "nem imagino por onde irá começar a conversa para resolver este assunto com minha filha"...
- Tenho que ir D. Amélia. Adeus.
O pensamento de Amélia estava muito longe para conseguir ouvir Serginho. Apenas levantou a mão quando percebeu que ele já atravessava a rua e sentou-se na varanda.

sábado, 5 de julio de 2008

Herança fatídica

Na manhã seguinte, Carolina despertou ao lado do seu pai. Queria ter certeza que ele se encontrava bem. Passou a mão sobre a sua testa e verificou que tinha um pouco de febre. Desceu para a cozinha e encontrou D. Amélia, também já levantada.
- Vovó, é tão cedo ainda. Já está de pé? – Disse ela, notando que sua avó não estava com bom aspecto.
- Para dizer a verdade, eu não consiguia dormir minha querida, mas não se preocupe. Eu estou bem. Tenho lembrado do seu avô e tenho saudades. Ele sabia lidar com Clara melhor do que eu. Sinto-me impotente.
- Não fique assim vovó. Ela no fundo não é má pessoa. Receio saber que por vezes eu também não lhe facilito a vida. – Disse Carolina, tentando minimizar a dor de D. Amélia.
- Obrigada, minha linda. Tu és uma boa menina, sim senhora. Tivemos sorte em ter a ti na família. Desde pequenina, foste um encanto para nós. Ouve, quero te falar uma coisa...
- Tudo o que tem acontecido é fruto de um acumulo de caprichos de seu avó. Era um bom homem, mas tinha o triste defeito de manipular a vida das pessoas que vinham até ele para pedir ajuda financeira. E por este motivo, até utilizou a nossa própria filha em uma das suas idéias infelizes. Tu serás no futuro a herdeira e responsável pela fortuna da família. - Quer Clara queira ou não!. Seu avó, antes de morrer deixou todos os bens em teu nome, no qual só poderás manipular quando completares a maior idade. Mas há uma parágrafo que ele diz, - Continuou D. Amélia, - que só terás direito a alguma coisa, caso te cases com o filho de Macêdo Perez. Caso contrário, Clara herdará tudo e Fernando não terá direito a nada.
Carolina não queria acreditar no que estava ouvindo, disse-me ela. Foi como se um tornado tivesse dentro da sua cabeça.
- Mas quem é Macêdo Perez? – Vovó, por favor... Não estou entendendo.
- Minha querida, já são tantos os erros nesta família, que eu já nem sei por onde começar para que saibas realmente a sua verdadeira história... – Disse D. Amélia, olhando para o chão com melancolia e vergonha.
- Vovó, temos muito o que conversar... Quero saber qual é a minha história?... Se é por não ser filha de minha mãe, ou melhor, de Clara... Eu já sei!. E tenho muita pena que a senhora não seja a minha avó de verdade. Mas não se preocupe, pois não saberei de outra avó que possa amar mais que a ti.
- Oh, Carolina... – Falou D. Amélia emocionada, abraçando-a. Quem me dera vida e saúde para te ver casar e ter os seus filhos...
- Não creio que me vá casar com o filho deste tal Macêdo vovó... Não creio. – Falou Carolina, delicadamente para D. Amélia. – Sinceramente, preferia morrer pobre do que casar-me sem ser por amor.
- Oxalá as coisas pudessem ser diferentes, Carolina.
- Vovó, sinto muito, mas agora só há uma coisa que me preocupa... O meu pai que está lá em cima com febre. Desci para vir buscar um copo d’água e um pano para molhar e colocar na sua testa. - Disse Carolina, tentando desviar o assunto que tanto lhe incomodava.
- Meu Deus! – Exclamou, Amélia. Porque não me disse logo? Seu pai merece todos os cuidados neste momento. Falou e acompanhou Carolina com um trapo limpo e um copo com água.
Fernando estava apenas febril e não se sentia nada mal. Apenas se encontrava cansado e ansioso por voltar para casa e ter forças para procurar finalmente seu verdadeiro amor. Acabando de uma vez por todas com tanta infelicidade.
Depois do coma, Fernando despertou como se tivesse passado uma experiência de vida e morte. Não lembrava de nada em concreto, mas tinha a sensação de que estava andando no caminho errado. Assim que abriu os olhos no Hospital e olhou as brancas paredes à sua volta, sentiu uma angústia tão grande que invadiu a sua alma de tristeza, mas ao mesmo tempo esta tristeza tinha vindo acompanhada de coragem. Uma coragem que segundo as palavras de Carolina, enquanto contava a mim sua desafortunada história, levou também à sua própria vida a modificar-se.

viernes, 4 de julio de 2008

Dominica

D. Amélia naquele momento se apoiou na cadeira para não cair e como uma retrospectiva, as lembranças lhe vieram à mente. Continuou com a mão levantada até a boca e começou a chorar. A princípio, não sabia distinguir o sentimento que estava passando, mas depois de se recuperar, sabia que chorava por toda a história de vida da sua filha, parecer uma novela. Sentiu pena da sua pobre criança, porque desde seu nascimento, a vida não lhe sorrira com perfeição. Era uma criança desprovida de beleza, e o que lhe permitiu ter amigos foi a soma de dinheiro que a família possuía. Com melancolia pensou como deveria ter crescido com amargura. E naquele instante, com as atitudes que lhe apresentou, finalmente teve certeza do que tanto temia. Clara iria se vingar da vida impedindo que as pessoas fossem felizes.
- Papá tem a culpa de tudo o que estou a passar agora... – Disse Clara, com os olhos vermelhos de raiva e emoção. – Ele é que não confiou em mim e sequer imaginou que eu poderia conquistar alguém por meus próprios meios. Não sou bonita, mas sou inteligente. Sei o que tenho que fazer para conquistar um homem. Mas Fernando, como já casou comigo na condição imposta por nossos pais, nunca me olhou como mulher, mas sim como um negócio. – Eu-não-sou-um-negócio! Sou vítima de uma aposta! – Gritou, Clara, sem a preocupação de ser ouvida por Fernando e Carolina.
Mas, mal sabia ela que Serginho é que a escutava perfeitamente do lado de fora. Entretanto, quando ele finalmente tomou coragem para entrar, olhou para trás e viu a sua avó sozinha na porta de casa, sem saber como entrar. Saiu a correr ao seu encontro no mesmo momento em que ela já se ia outra vez embora.
- Vó, estou aqui. – Disse ele, mais que depressa.
- E quem és tu? – Perguntou Dominica. – Não te conheço menino. Vai para sua casa que já é tarde, anda.
Serginho era uma rapazinho muito inteligente e sensível. Aprendeu com sua mãe a cuidar e ter paciência com Dominca. Ela por vezes lembrava de quem era quem na família, mas cada dia que passa, se esquece mais e mais de coisas que seria natural não esquecer.
- Dominica, venha comigo. Sei que você mora nesta casa. – Disse Serginho com paciência de adulto para um rapaz com catorze anos de idade. – A chave está na porta e você pode entrar sem problemas.
Naquele mesmo instante chegou a sua mãe. Serginho lhe contou o que tinha passado para que ela os encontrasse na rua e ela não se importou. Segurou no braço de sua mãe e entram os três para casa. Serginho segui as duas, aliviado por sua mãe ter chegado mesmo à tempo, mas não tão aliviado com a situação que descobriu da vida de Carolina. Olhou para trás e percebeu que ela estava na janela a olhá-lo. Acenaram um para o outro e ele se deteve na porta, como não quizesse entrar. Carolina entretanto fechou lentamente a cortina e apagou a luz. Serginho compreendeu, e entrou.

jueves, 3 de julio de 2008

Notícia inesperada

Sem que ninguém percebesse, Serginho estava do lado de fora, perto da porta da cozinha, que estava entreaberta. Ele havia saído para procurar a sua avó. A senhora estava com a doença de Alzheimer e não podiam deixar nunca de prestar à devida atenção a todos os seus passos. Por vezes, até tinham que acompanhá-la ao banheiro. Durante o dia, ela tinha uma estudante que lhe dava assistência para ganhar algum dinheiro para seus estudos, mas quando se ia, o responsável tinha mesmo que ser Serginho.
Nesta noite, sua avó lhe convenceu que queria ver um pouco da noite de luar. Apesar dele afirmar que a noite era de lua minguante e que mal se via no céu por causa das nuvens, a avó insistiu tanto e falou com ele tão rispidamente que ele não teve outra alternativa. Passearam por todo o quarteirão e por causa de um gatinho bebê que estava na calçada, Serginho se distraiu por uns minutos confiado que sua avó estava sentada tranquilamente no banco do jardim a apreciar lá o que queria.
Serginho enquanto acariciava o gatinho, pensava em Carolina. Imaginou como ela ficaria contente se ele lhe oferecesse o animalzinho. E quando voltou à realidade, já não via a avó donde atinha deixado. Correu para casa para pedir ajuda à sua mãe, mas lembrou que ainda não tinha chegado do trabalho, assim que pensou na D. Amélia. Foi até lá e fatalmente terminou por ouvir o final da conversa da D. Clara...
- Não adianta tentar me impedir, mamã. Eu sei o que será melhor para esta família. Paguei a um homem para encontrar a desgraçada da mãe de Carolina e levá-la para bem longe desta cidade. Quiça do país. Eu lhes dei suficiente dinheiro, - Contou D. Clara à mãe. - Vais ver que a partir de agora, terei sossego.
- Valha-me Deus Clara, o que fizestes? - Exclamou D. Amélia levando a mão à boca.
- Não lhe vão fazer mal, mas terei que contar a Fernando que soube que ela morreu em um acidente. Assim lhe impedirei que pense um dia em procurá-la.
- Clara, por favor. No que te tornastes, minha filha? Você tem que ter confiança em si mesma. Não adianta fazer este tipo de coisas...
- Adiantará. Fernando não merece a mim nem a ela.
- O que dizes... O que fez Fernando às duas? - Disse D. Amélia, cada vez mais boquiaberta.
- Me traiu pela segunda vez com a mesma mulher, mamã.
- E o que você esperava? Ela é mãe da Carolina. Naturalmente que eles teriam um dia que se contactar. E daí?... É por isso que ele fez mal às duas? Que mal fez ele à ela além de se manter afastado por sua causa? - Perguntou insistentemente D. Amélia.
- Engravidou-a outra vez. Ela está grávida outra vez, ouviste?! Eu não suporto isso. NÃO SUPORTO!