tag:blogger.com,1999:blog-65121070979068224692024-03-13T13:03:46.963-07:00Novela da VidaJoice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.comBlogger37125tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-18885754122611004822014-08-17T12:15:00.002-07:002014-08-17T12:15:26.454-07:00Aguardem o lançamento de 3 livros de uma série romântica. Breve!Apesar da distância de escritos, ainda estou cheia de saúde e com muito mais histórias para contar.<br />
A vida apresentou-se com um vendaval de maravilhosas experiências. Parecia que tudo iria virar de pernas para o ar, mas não perdi nem uma palavra, nem uma comunicação, nem uma mensagem...<br />
<br />
Estou trabalhando na recolha de dados para os personagens mais intrigantes, amorosos, guerreiros, traidores, amigos e todo um cem número de relações cruzadas para fazer jus ao esperado pelos meus leitores.<br />
<br />
Os livros de uma série romântica sairão em breve para as livrarias: Portugal - Espanha - Brasil.<br />
<br />
Um grande abraço para todos,<br />
Joice WormJoice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-59680080005886218122009-05-24T06:44:00.000-07:002009-05-24T06:55:38.565-07:00Stand byOlá amigos,<br />Queria dar um abraço grande de satisfação aos leitores que acompanhavam a Novela da Vida. Entretanto, comunico que brevemente ela vai sair do ar para ser melhorada e posta na mesa em papel e caneta em punho, para uma melhoria absoluta dos personagens, lugares, cronologia, diálogos, etc.<br /><br />A vida da Carolina é muito intrigante e ela está disposta em revelar as tramas e voltas que ela deu para conseguir ser feliz...<br /><br />Estarei trabalhando para Carolina Pignar, que eventualmente mudará de sobrenome ("apelido" em Portugal)... Mas isso fará parte do melhoramento.<br /><br />Beijos meus para vocês, de Joice Worm.<br /><br />P.S. Visitem a Sala dos Sonhos: <a href="http://saladossonhos.blogspot.com/">http://saladossonhos.blogspot.com</a><br />Você não sonha???... Claro! Conte-me um sonho, então.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-43214516656448175862009-01-24T07:10:00.000-08:002009-01-24T07:25:43.839-08:00DiscussãoClara não se importou com o tom inquisidor e ao mesmo tempo ameaçador de Fernando. Tirou os sapatos calmamente e subiu as escadas com o casaco no antebraço, como se estivesse em uma situação muito cômoda da vida.<br /><br />Carolina permanecia de pé atrás da porta quando sentiu os movimentos de sua madrasta e a sua voz a aproximar-se.<br /><br />- Amanhã vamos falar com o meu pai. Quero me mudar desta casa. Já não gosto dela, não gosto da vizinhança e nada daqui me diz respeito.<br /><br />- Eu não vou a parte alguma contigo, Clara. Faça você o que quiser!<br /><br />- Aí é que você se engana, amado meu. Pense em sua filhinha querida. Lembre-se que a felicidade dela dependerá das suas estúpidas decisões. E já agora, e para pensar melhor em tudo o que pode perder para o seu bel prazer, pode dormir aí mesmo no sofá. - Disse isso e fechou a porta do quarto antes que Fernando pudesse responder algo.<br /><br />Fernando, já não tinha palavras para argumentar. A única coisa que queria era ir embora das vistas e da vida desta mulher diabólica. Por causa dela quase morreu e assim como antes, se encontra na mais completa infelicidade. Sentou-se devagar no sofá e com as duas mãos, sustentou a cabeça com os cotovelos comprimindo os joelhos.<br /><br />Carolina nesta hora, já o via do último degrau da escada. Sentiu uma imensa pena do pai, pois era a primeira vez que o via a chorar. Aproximou-se dele e o abraçou dizendo: - Pai, não chore. Eu estarei do seu lado para sempre. Cuidarei de ti. Não deixe que nada possa atrapalhar a nossa felicidade, mesmo que pareça que pode perder alguma coisa...<br /><br />Fernando não se conteve e soluçou ainda mais.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-68151547091293168792009-01-11T17:27:00.000-08:002009-01-11T17:33:50.267-08:00Dois a doisDois intervalos para respirar.<br />Considero assim, um tempo mais que necessário.<br /><br />Me preparo para voltar, mais romântica e mais dramática.<br />Dois ingredientes quase indispensáveis.<br /><br />Criarei a vida aos pares... Há que ser dois a dois...<br />Assim é melhor.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-27390177272505499822008-09-26T02:17:00.000-07:002008-09-26T02:35:13.144-07:00Dúvida cruelEstou em dúvida se continuo a história de Carolina aqui, donde escrever on line tanto me inspira, ou se vou continuar escrevendo nos meus aposentos, onde crio situações adversas e personagens intrigantes emaranhados em surpresas como tanto a vida nos proporciona... No fundo vai dar no mesmo, sendo eu uma só...<br />Estou pensando...Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-20896207843285180922008-08-06T21:27:00.000-07:002009-01-24T07:10:23.274-08:00Mulher malvadaAssim como a tristeza pode levar um indivíduo ao suícidio, a mesma tristeza pode levar o mesmo individuo a actos de coragem.<br /><br />Fernando chegando em casa com a Clara e Carolina, não falou uma palavra. Se limitou a ouvir Clara disparar com tudo o que tinha a dizer.<br /><br />- Eu não sei onde estava com a cabeça que vim a casar com você. Se não fosse o meu pai, jamais teria feito tal enlace... E ainda por cima, adoptamos esta menina ingrata que não me quer nem por amiga. Você nem imagina o que tenho sofrido com a falta de carinho de vocês dois. E é por isso que lhe digo, Fernando, que não há maneira de que meu coração venha a ser mais condescendente. Estou isolada nesta casa e sei que tudo o que você queria era voltar para o lado da sua queridíssima e amada Joana...<br /><br />Carolina ouvia atrás da porta do seu quarto mal fechado e se arrepiou toda quando ouviu o nome da mulher que o seu pai realmente amava... "Joana", seria sua mãe, perguntava-se ela.<br /><br />- Mas quero lhe dizer, meu grande parvo, que não vai adiantar procurar muito por ela. Da mesma maneira que desapareceu a primeira vez, voltou a desaparecer pelo mesmo interesse. Apareceu-me um dia para me pedir dinheiro e como até tenho um bom coração, dei a quantia que pediu e partiu para parte incerta.<br /><br />Fernando arregalou os olhos e partiu em direcção à Clara, com os punhos cerrados em sinal de raiva. - O que fizeste com a Joana, Clara? Que maldade já aprontaste, mulher?!... Disse quase cuspindo-a ao falar.<br /><br />- Calma, homem. Não fiz nada de que o destino não já tivesse se encarregado de fazê-lo. Sua queridíssima engravidou outra vez, só Deus sabe de quem, - Disse ela com tom sarcástico olhando Fernando nos olhos. - E me propôs desaparecer para sempre se eu lhe desse uma boa quantia para ir viver em outro país e eu como boa que sou... Dei.<br /><br />Fernando não quis acreditar no que estava a ouvir. Sabia perfeitamente que o filho que Joana tinha era dele, assim como o outro do meio. Agora ele sabia que tinha três filhos e viu que já não poderia ter nenhuma ligação com a Clara. Em poucas palavras disse que a deixaria e iria procurar a Joana para viver com ela e os filhos para sempre. Clara riu-se às gargalhadas. Gozava do momento que estava a passar e ria-se de ver a cara de sofrimento do Fernando.<br /><br />- Não te irrite e decida tão rápido, meu querido. Lamento que seja muito tarde para isto. Não creio que venha a encontrá-la jamais. Ela sabe muito bem o que me prometeu em troca daquele dinheiro...<br /><br />- O que você fez, mulher malvada? - O que você fez?Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-69494781172053099542008-07-22T01:04:00.000-07:002008-07-22T01:09:21.806-07:00Porque te queroAmigos,<br /><br />A inspiraçao nao acabou, nem o tempo me estar a impedir de escrever... Apenas completo a história em papel para orientar as idéias de forma que haja interesse. Enquanto isto, desejo a todos umas boas férias de verao para quem está do lado de cá ou bom trabalho, para quem está do lado de lá.<br /><br />(Neste teclado espanhol nao há o "til" comum ao português de forma que o "verao" e "nao"... já fica explicado)<br /><br />ADORO-VOS!!Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-58612584511815568842008-07-06T18:43:00.000-07:002008-07-07T23:42:41.769-07:00A borboletaNa casa de Serginho, as coisas também não corriam da melhor forma. Sua mãe trabalhava de atendente numa loja e à noite limpava uma escola para poder manter a casa. Apesar de aparentemente parecer que vivia bem e ao contrário da vida que tinha Carolina, sua casa de excelente aparência, era da sua avó. Por sorte já estava totalmente paga e por este motivo, moravam todos ali.<br />Conheci Serginho enquanto era professor e lembro-me bem que ele não me parecia uma criança muito feliz. Era tímido e inseguro. Tinha poucos amigos para brincar, mas era apaixonado por animais. Um dia levou uma lagarta e uma borboleta à sala de aula e ensinou aos seus colegas como surgia aquela bela criatura a partir de outro bicho. Todos ficaram encantados à sua volta, mas assim que o chamaram para outra actividade que eventualmente lhe integraria ao grupo, não aceitava de forma alguma. Sempre preferiu estar em seu mundo. Sem grandes amizades.<br />Carolina me contou que uma vez Serginho lhe propôs em casamento quando ela completou quinze anos de idade, mas que depois disse que estava a brincar. Naturalmente, o rapaz não teve coragem de assumir a façanha do impulso e se arrependeu. Ela disse que não se importou. Sempre o considerou muito como um bom amigo, e era natural que um dia ele confundisse as coisas.<br /><br />- Carolina está, D. Amélia? - Perguntou Serginho, naquela manhã antes do almoço.<br />- Não está não, meu querido. Eles foram embora hoje cedo e não sei quando minha neta virá outra vez. É sempre uma surpresa a sua chegada. - Disse D. Amélia, melancolicamente.<br />- Que pena. - Disse ele, com timidez - Queria lhe mostrar uma coisa.<br />- Que coisa, Serginho? - Perguntou D. Amélia olhando para a caixinha que ele trazia nas mãos.<br />- É uma lagarta que estou criando. Hoje mostrei lá na minha Escola e todo mundo gostou muito...<br />- Todo mundo? - Exclamou D. Amélia a sorrir com a frase entusiasmada dele.<br />- Quer dizer, quase todo mundo. - Respondeu, sem se importar com o indagação de D. Amélia. - Menos uma menina que entrou na Escola esta semana. Mas não faz mal. Não podemos agradar a todos, não é mesmo?<br />- É verdade... Não podemos agradar a todos. - Disse ela, lembrando do Fernando e seu problema com a Clara. "Pobre homem," - Pensou ela, "nem imagino por onde irá começar a conversa para resolver este assunto com minha filha"...<br />- Tenho que ir D. Amélia. Adeus.<br />O pensamento de Amélia estava muito longe para conseguir ouvir Serginho. Apenas levantou a mão quando percebeu que ele já atravessava a rua e sentou-se na varanda.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-14198767176901496712008-07-05T13:10:00.000-07:002008-07-05T13:24:52.944-07:00Herança fatídicaNa manhã seguinte, Carolina despertou ao lado do seu pai. Queria ter certeza que ele se encontrava bem. Passou a mão sobre a sua testa e verificou que tinha um pouco de febre. Desceu para a cozinha e encontrou D. Amélia, também já levantada.<br />- Vovó, é tão cedo ainda. Já está de pé? – Disse ela, notando que sua avó não estava com bom aspecto.<br />- Para dizer a verdade, eu não consiguia dormir minha querida, mas não se preocupe. Eu estou bem. Tenho lembrado do seu avô e tenho saudades. Ele sabia lidar com Clara melhor do que eu. Sinto-me impotente.<br />- Não fique assim vovó. Ela no fundo não é má pessoa. Receio saber que por vezes eu também não lhe facilito a vida. – Disse Carolina, tentando minimizar a dor de D. Amélia.<br />- Obrigada, minha linda. Tu és uma boa menina, sim senhora. Tivemos sorte em ter a ti na família. Desde pequenina, foste um encanto para nós. Ouve, quero te falar uma coisa...<br />- Tudo o que tem acontecido é fruto de um acumulo de caprichos de seu avó. Era um bom homem, mas tinha o triste defeito de manipular a vida das pessoas que vinham até ele para pedir ajuda financeira. E por este motivo, até utilizou a nossa própria filha em uma das suas idéias infelizes. Tu serás no futuro a herdeira e responsável pela fortuna da família. - Quer Clara queira ou não!. Seu avó, antes de morrer deixou todos os bens em teu nome, no qual só poderás manipular quando completares a maior idade. Mas há uma parágrafo que ele diz, - Continuou D. Amélia, - que só terás direito a alguma coisa, caso te cases com o filho de Macêdo Perez. Caso contrário, Clara herdará tudo e Fernando não terá direito a nada.<br />Carolina não queria acreditar no que estava ouvindo, disse-me ela. Foi como se um tornado tivesse dentro da sua cabeça.<br />- Mas quem é Macêdo Perez? – Vovó, por favor... Não estou entendendo.<br />- Minha querida, já são tantos os erros nesta família, que eu já nem sei por onde começar para que saibas realmente a sua verdadeira história... – Disse D. Amélia, olhando para o chão com melancolia e vergonha.<br />- Vovó, temos muito o que conversar... Quero saber qual é a minha história?... Se é por não ser filha de minha mãe, ou melhor, de Clara... Eu já sei!. E tenho muita pena que a senhora não seja a minha avó de verdade. Mas não se preocupe, pois não saberei de outra avó que possa amar mais que a ti.<br />- Oh, Carolina... – Falou D. Amélia emocionada, abraçando-a. Quem me dera vida e saúde para te ver casar e ter os seus filhos...<br />- Não creio que me vá casar com o filho deste tal Macêdo vovó... Não creio. – Falou Carolina, delicadamente para D. Amélia. – Sinceramente, preferia morrer pobre do que casar-me sem ser por amor.<br />- Oxalá as coisas pudessem ser diferentes, Carolina.<br />- Vovó, sinto muito, mas agora só há uma coisa que me preocupa... O meu pai que está lá em cima com febre. Desci para vir buscar um copo d’água e um pano para molhar e colocar na sua testa. - Disse Carolina, tentando desviar o assunto que tanto lhe incomodava.<br />- Meu Deus! – Exclamou, Amélia. Porque não me disse logo? Seu pai merece todos os cuidados neste momento. Falou e acompanhou Carolina com um trapo limpo e um copo com água.<br />Fernando estava apenas febril e não se sentia nada mal. Apenas se encontrava cansado e ansioso por voltar para casa e ter forças para procurar finalmente seu verdadeiro amor. Acabando de uma vez por todas com tanta infelicidade.<br />Depois do coma, Fernando despertou como se tivesse passado uma experiência de vida e morte. Não lembrava de nada em concreto, mas tinha a sensação de que estava andando no caminho errado. Assim que abriu os olhos no Hospital e olhou as brancas paredes à sua volta, sentiu uma angústia tão grande que invadiu a sua alma de tristeza, mas ao mesmo tempo esta tristeza tinha vindo acompanhada de coragem. Uma coragem que segundo as palavras de Carolina, enquanto contava a mim sua desafortunada história, levou também à sua própria vida a modificar-se.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-87926058161333267372008-07-04T05:50:00.000-07:002008-07-04T09:17:05.507-07:00DominicaD. Amélia naquele momento se apoiou na cadeira para não cair e como uma retrospectiva, as lembranças lhe vieram à mente. Continuou com a mão levantada até a boca e começou a chorar. A princípio, não sabia distinguir o sentimento que estava passando, mas depois de se recuperar, sabia que chorava por toda a história de vida da sua filha, parecer uma novela. Sentiu pena da sua pobre criança, porque desde seu nascimento, a vida não lhe sorrira com perfeição. Era uma criança desprovida de beleza, e o que lhe permitiu ter amigos foi a soma de dinheiro que a família possuía. Com melancolia pensou como deveria ter crescido com amargura. E naquele instante, com as atitudes que lhe apresentou, finalmente teve certeza do que tanto temia. Clara iria se vingar da vida impedindo que as pessoas fossem felizes.<br />- Papá tem a culpa de tudo o que estou a passar agora... – Disse Clara, com os olhos vermelhos de raiva e emoção. – Ele é que não confiou em mim e sequer imaginou que eu poderia conquistar alguém por meus próprios meios. Não sou bonita, mas sou inteligente. Sei o que tenho que fazer para conquistar um homem. Mas Fernando, como já casou comigo na condição imposta por nossos pais, nunca me olhou como mulher, mas sim como um negócio. – Eu-não-sou-um-negócio! Sou vítima de uma aposta! – Gritou, Clara, sem a preocupação de ser ouvida por Fernando e Carolina.<br />Mas, mal sabia ela que Serginho é que a escutava perfeitamente do lado de fora. Entretanto, quando ele finalmente tomou coragem para entrar, olhou para trás e viu a sua avó sozinha na porta de casa, sem saber como entrar. Saiu a correr ao seu encontro no mesmo momento em que ela já se ia outra vez embora.<br />- Vó, estou aqui. – Disse ele, mais que depressa.<br />- E quem és tu? – Perguntou Dominica. – Não te conheço menino. Vai para sua casa que já é tarde, anda.<br />Serginho era uma rapazinho muito inteligente e sensível. Aprendeu com sua mãe a cuidar e ter paciência com Dominca. Ela por vezes lembrava de quem era quem na família, mas cada dia que passa, se esquece mais e mais de coisas que seria natural não esquecer.<br />- Dominica, venha comigo. Sei que você mora nesta casa. – Disse Serginho com paciência de adulto para um rapaz com catorze anos de idade. – A chave está na porta e você pode entrar sem problemas.<br />Naquele mesmo instante chegou a sua mãe. Serginho lhe contou o que tinha passado para que ela os encontrasse na rua e ela não se importou. Segurou no braço de sua mãe e entram os três para casa. Serginho segui as duas, aliviado por sua mãe ter chegado mesmo à tempo, mas não tão aliviado com a situação que descobriu da vida de Carolina. Olhou para trás e percebeu que ela estava na janela a olhá-lo. Acenaram um para o outro e ele se deteve na porta, como não quizesse entrar. Carolina entretanto fechou lentamente a cortina e apagou a luz. Serginho compreendeu, e entrou.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-65027383690327679862008-07-03T07:46:00.000-07:002008-07-03T11:51:19.144-07:00Notícia inesperadaSem que ninguém percebesse, Serginho estava do lado de fora, perto da porta da cozinha, que estava entreaberta. Ele havia saído para procurar a sua avó. A senhora estava com a doença de Alzheimer e não podiam deixar nunca de prestar à devida atenção a todos os seus passos. Por vezes, até tinham que acompanhá-la ao banheiro. Durante o dia, ela tinha uma estudante que lhe dava assistência para ganhar algum dinheiro para seus estudos, mas quando se ia, o responsável tinha mesmo que ser Serginho.<br />Nesta noite, sua avó lhe convenceu que queria ver um pouco da noite de luar. Apesar dele afirmar que a noite era de lua minguante e que mal se via no céu por causa das nuvens, a avó insistiu tanto e falou com ele tão rispidamente que ele não teve outra alternativa. Passearam por todo o quarteirão e por causa de um gatinho bebê que estava na calçada, Serginho se distraiu por uns minutos confiado que sua avó estava sentada tranquilamente no banco do jardim a apreciar lá o que queria.<br />Serginho enquanto acariciava o gatinho, pensava em Carolina. Imaginou como ela ficaria contente se ele lhe oferecesse o animalzinho. E quando voltou à realidade, já não via a avó donde atinha deixado. Correu para casa para pedir ajuda à sua mãe, mas lembrou que ainda não tinha chegado do trabalho, assim que pensou na D. Amélia. Foi até lá e fatalmente terminou por ouvir o final da conversa da D. Clara...<br />- Não adianta tentar me impedir, mamã. Eu sei o que será melhor para esta família. Paguei a um homem para encontrar a desgraçada da mãe de Carolina e levá-la para bem longe desta cidade. Quiça do país. Eu lhes dei suficiente dinheiro, - Contou D. Clara à mãe. - Vais ver que a partir de agora, terei sossego.<br />- Valha-me Deus Clara, o que fizestes? - Exclamou D. Amélia levando a mão à boca.<br />- Não lhe vão fazer mal, mas terei que contar a Fernando que soube que ela morreu em um acidente. Assim lhe impedirei que pense um dia em procurá-la.<br />- Clara, por favor. No que te tornastes, minha filha? Você tem que ter confiança em si mesma. Não adianta fazer este tipo de coisas...<br />- Adiantará. Fernando não merece a mim nem a ela.<br />- O que dizes... O que fez Fernando às duas? - Disse D. Amélia, cada vez mais boquiaberta.<br />- Me traiu pela segunda vez com a mesma mulher, mamã.<br />- E o que você esperava? Ela é mãe da Carolina. Naturalmente que eles teriam um dia que se contactar. E daí?... É por isso que ele fez mal às duas? Que mal fez ele à ela além de se manter afastado por sua causa? - Perguntou insistentemente D. Amélia.<br />- Engravidou-a outra vez. Ela está grávida outra vez, ouviste?! Eu não suporto isso. NÃO SUPORTO!Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-63814092425926307162008-06-24T20:49:00.000-07:002008-07-03T07:46:22.068-07:00A VingançaRealmente Fernando saiu do hospital e apesar de estar em uma cadeira de rodas, foi directamente para casa de D. Amélia juntamente com Carolina. Ninguém sabia do paradeiro de Dona Clara e estavam de qualquer forma preocupados. Já tinham passados dois dias e ela não costumava desaparecer sem avisar pelo menos à sua mãe. Fernando não tinha idéia de onde ela poderia ter ido ou se tinha viajado sem avisar. Carolina, não se importou muito com o facto de sua mãe adoptiva ter desaparecido. Chegou a pensar que ela poderia nunca mais voltar se quizesse.<br />Mas, «Tudo o que é bom, dura pouco» pensou Carolina quando viu a sua mãe chegar em um Táxi.<br />- Então. Afinal já estás melhor. Ainda bem. Temos muito o que conversar. - Falou D. Clara, depois de ter entrado sem dar satisfação a ninguém. Nem mesmo à sua mãe.<br />- Clara, onde estavas minha filha? - Choramingou D. Amélia, com visível preocupação.<br />- Infelizmente não posso dizer minha mãe. Mas fique tranquila porque eu já estou aqui. Não devo ter feito muita falta. Sei que a minha presença nesta família é de pouco valor.<br />- Não diga isto, Clara. Todos nós gostamos muito de ti.<br />Nesta hora, Sr. Fernando baixou a cabeça e Carolina virou as costas para tocar distraidamente um porta retratos que estava em cima de um móvel.<br />- Não vês, as caras que eles fazem? Acha que me importo? Não se preocupe minha mãe. Cada um tem aquilo que merece.<br />- Clara, por favor, deixe de tanta amargura. Seu marido finalmente saiu do coma para estar outra vez ao seu lado. O que eles sentem é tristeza por você ter desaparecido por dois dias e ter chegado com tanto mau humor...<br />- Ah, ah... Não acredite nisto que afirma. Não sinto nenhum carinho destes dois. Apesar de nunca ter demonstrado a minha insatisfeção pessoal naquela casa, aqui me tens a mostrar como realmente me sinto.<br />- Clara, - Disse Fernando. - Vamos mudar de assunto. Ainda me sinto um pouco cansado do ambiente do hospital e queria sair desta cadeira para a cama. Dormimos aqui esta noite e amanhã vamos para casa. Lá conversaremos. - Disse Fernando já levantando da cadeira para sentar outra vez como se tivesse ficado tonto.<br />- Pai, - Gritou Carolina - Não deves levantar sozinho. Eu te ajudo a chegar até a cama.<br />Sr. Fernando foi com Carolina e Clara aproveitou para dizer a D. Amélia que o que ela foi fazer durante estes dois dias foi justamente cuidar do futuro da família. E que este futuro só poderia ser bom se a mulher que o Fernando insiste em gostar, tivesse a quilômetros de distância.<br />- Clara, o que você fez? - Perguntou D. Amélia assustada.<br />- Já saberás... Já saberás... - Respondeu D. Clara, com um sorriso cínico na cara.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-62300960698423561182008-06-15T04:25:00.001-07:002008-06-15T05:04:04.149-07:00Primeiro dia do início de uma vidaCarolina mais que rapidamente, caiu na cama de Sr. Fernando, como se ele tivesse retornado de uma viagem muito longa, sem dar notícias. Abraçou-o a chorar e a apertar sua cabeça contra o peito do seu pai.<br />- Pai, pai, você acordou! - Disse ela, perdidamente feliz.<br />- Olá minha querida... - Balbuciou Fernando, ainda com a voz um pouco fraca. - Como estás minha filha adorada... Temos muito o que conversar... - Completou ele, olhando nos olhos de Carolina profundamente.<br />- Sim, pai, sim... Mas agora descanse. Não se esforce muito. Quero que você saia daqui o mais rápido possível. Temos muito para conversar e para viver...<br />- Que emocionante meus queridos!... - Disse D. Amélia, comovida com a conversa dos dois. - Vou chamar a minha filha, para lhe dar a notícia. Ela também vai ficar muito feliz.<br />Carolina, olhou para o seu pai e notou, como ele à ela, que o facto de avisar a D. Clara, não parecia tão boa idéia. Mas nenhum dos dois teve coragem de dizer a D. Amélia que por favor não a chamasse tão de imediato.<br />- Vovó... E se nós deixassemos que a mamãe descobrisse como nós... Ela iria ficar feliz com a surpresa. - Tentou Carolina, sem muitas esperanças.<br />- Não sei, do jeito que minha filha é. Acho que não gostaria de ter uma surpresa misturada ao detalhe de que nós já sabemos da notícia. É melhor eu lhe telefonar.<br />Dizendo isto, D. Amélia saiu do quarto, não sem antes passar a mão pelos cabelos de Sr. Fernando. "Eu já volto",- disse ela.<br />Carolina aproveitou estar só com o seu pai para em poucas palavras dizer a ele que viu o que lhe acontecera na noite do acidente. Sr. Fernando ficou envergonhado, mas ao mesmo tempo aliviado. Sabia que poderia contar com a discrição da sua filha e tinha plena confiança que jamais ela contaria a alguém da família. Ele lhe prometeu contar toda a história de seu nascimento e também sobre o retrato que ela encontrou.<br />Carolina, ainda com a cabeça sobre o peito do Sr. Fernando, sentia o bater forte do seu coração. Neste momento, ele levantou a mão e acariciou os longos cabelos da sua filha.<br />- Eu te prometo Carolina, que daqui por diante, as coisas serão diferentes. Eu também não aguento mais viver desta maneira. - Disse ele, agora com o olhar distante ultrapassando o vidro da janela do hospital para atingir uma única nuvem que passava no céu azul. - Eu te prometo! - Repetiu, agora olhando nos olhos de Carolina.<br />D. Amélia voltou e disse que não conseguiu localizar a sua filha. Telefonou para o Salão de Beleza, para a Farmácia, para Mercearia de Sr. Juvenal e até para a vizinha de Clara, mas não teve sucesso. Ninguém a viu esta manhã e tarde. D. Amélia achou estranho, mas resolveu não preocupar Fernando.<br />- Bom, como é que sabemos agora quando vais ter alta, meu querido?<br />- Na verdade, não sei... O enfermeiro esteve aqui comigo e se deu conta de que eu já tinha acordado do coma que me encontrava.... Estava acompanhado de uma enfermeira muito agradável e os dois ficaram tão felizes que pareciam que tinham algum parentesco comigo... Fiquei impressionado e feliz por não ter acordado sozinho... A princípio não sabia onde estava e eles me explicaram tudo desde o inicio... Ainda não tenho todas as lembranças no lugar, mas a pouco e pouco..., olhando as coisas e as pessoas em minha volta, como vocês..., termino por me encontrar outra vez. - Explicou Fernando, falando pausadamente.<br />- Não te canses, pai. - Vou ver se falo com a enfermeira do andar. Já venho.<br />Enquanto Carolina foi chamar a enfermeira, D. Amélia segurou a mão do Fernando e disse-lhe que estava muito contente por ele ter recuperado a saúde.<br />- Fernando, agora que já acordaste e o meu medo de que viesses a falecer já tenha passado, quero lhe agradecer toda a sua compreensão com a minha filha. Digo isso, para aproveitar o momento de emoção pelo qual estou passando e como nunca estou só contigo, não queria que minha filha soubesse da minha admiração pela pessoa que você é, e por toda a minha vida estarei sempre grata pelo sacrifício que você fez para manter este casamento. - Falou D. Amélia, com lágrimas nos olhos.<br />- Não se preocupe Amélia. Está tudo sobre controle. Acho que a Carolina já sabe que não é filha da Clara. Vou ter uma conversa com ela quando estiver fora do hospital. Não vou deixar que sua filha sofra. Tenho que encontrar uma maneira de, apesar de não ter tido uma vida fácil ao seu lado, fazer com que mais ninguém sofra por mentiras. Fique tranquila.<br />Neste momento entra Carolina com duas enfermeiras. Elas verificaram as máquinas que ligavam o Sr. Fernando, concluíram a sua lucidez, parabenizaram-no com satisfação e disseram que brevemente depois de umas quantas provas e exames, os médicos decidiriam a sua alta.<br />- Viu pai, vamos torcer para que esteja tudo realmente bem. Se pudesse, dormiria aqui hoje no hospital, mas os seguranças não deixam. Que pena. - Disse Carolina, segurando a mão do seu pai.<br />- Eu já me sinto bem, filha. Reze para que eu saia ainda esta semana.<br />- Vai sair! Vai sair! - Repetiu Carolina, com visível esperança.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-22598768463205249102008-06-08T18:35:00.000-07:002008-06-08T18:56:38.158-07:00O inesperado aconteceu- Olha quem vem cá... Olá Carolina. - Disse Marcelo, com um grande sorriso na cara. - Estávamos mesmo à sua espera. Temos uma grande surpresa para ti. Mas antes tens que me apresentar quem é esta amável senhora que lhe acompanha.<br />- É minha avó. - Respondeu Carolina, ainda intrigada com tanta alegria e descontração.<br />- Olá minha senhora. Eu sou Marcelo Galardo. Sou enfermeiro aqui no Hospital. Estive a acompanhar o seu filho juntamente com o Dr. Cerejeira e também com Dr. Alexandre Sanchez.<br />- Oh! Perdão, mas Fernando não é o meu filho. É meu genro. - Disse-lhe D. Amélia, estendendo a mão para cumprimentá-lo.<br />- Não faz mal. De qualquer forma, um genro é como um filho, não é mesmo? - Falou ele, descontraidamente.<br />Enquanto os dois falavam, Carolina admirava a beleza da namorada de Marcelo. E como se notasse, ele se apressou em apresentar ela também à sua avó.<br />- Esta é Ana. Minha namorada e também Enfermeira. Se precisar de alguma ajuda, pode nos pedir.<br />- Com certeza, Sr. Marcelo. Muito obrigada pela gentileza. E já agora, como posso ir visitar meu genro com a minha neta?<br />- E já ali vovó. - Disse Carolina, um pouco ansiosa para ir ver finalmente o seu pai. Vamos, - Falou arrastando D. Amélia pelo corredor.<br />- Adeus, Carolina. - Falou Marcelo, tentando lhe chamar atenção. Depois volte para falar comigo. Temos uma surpresa para ti.<br />Por incrível que pareça, Carolina já estava um bocado farta de surpresas. Parecia que seus últimos dias tinham sido cheios de pequenas e grandes surpresas e não parecia muito interessada na surpresa que o Marcelo tivesse para ela, muito menos acompanhado por sua namorada.<br />Abriu a porta devagarinho e viu o seu pai, dormindo. - Venha vovó. Ele pode nos ouvir. Ele não se importa com o barulho e gosta que a gente fale com ele.<br />- É mesmo? Tens certeza? - Perguntou D. Amélia à Carolina. E ela confirmou.<br />- Olá Fernando. - Disse D. Amélia, encorajada.<br />- Olá, Amélia...Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-78006119656970688812008-06-07T03:07:00.000-07:002008-06-07T03:30:41.711-07:00Um bater de coraçõesNaturalmente que Carolina ficou muito pertubada com o gesto do Alfredo. Ainda por cima ele era bonito e galante. Extrovertido e falador. Não obstante, falou toda a tarde de suas aventuras e fez todos rirem, menos ao Serginho, que se sentia como se alguém lhe tivesse tirado o chão que pisava.<br />- Tenho que ir, - Disse Serginho, de repente. Minha mãe falou para eu não demorar.<br />- Eu e minha irmã, podemos ficar um pouco mais D. Amélia. - Interrompeu Alfredo, sem se lamentar a ida de Serginho. - Nossa mãe, foi às compras e disse que quando chegasse, passava aqui para nos avisar.<br />Carolina, ainda agarrada à caixinha que o Serginho deu, olhou para ele com ternura e o acompanhou até a porta.<br />- Muito obrigada pela escultura, - Disse ela, amavelmente.<br />- Não precisa agradecer. Fiz com muito boa vontade e gostei das horas que passei a esculpi-la... Eu é que agradeço a inspiração que você me deu.<br />Carolina corou, mas Serginho também já não conseguiu olhar outra vez para ela. Disse um tímido adeus e correu para sua casa. Nem chegou a ouvir o adeus dos outros. Carolina ficou na porta a vê-lo até quando entrou na casa e fechou a porta atrás dele.<br />- Carolina, anda cá. Tenho uma coisa para lhe perguntar. - Gritou Alfredo, sem se dar conta da melancolia de Carolina. - Você gostaria de ir pescar connosco amanhã? - Temos uma vara de pesca a mais e queríamos que fosses também até ao rio. Há lá muitos peixes.<br />- Não, obrigada. - Disse Carolina, sem nem se dar ao trabalho de pensar no que seria um dia de pesca ao lado do falador Alfredo. - Não posso deixar de ir visitar o meu pai. Ele está em coma no Hospital e eu quero estar a seu lado, todo o tempo que puder.<br />- Ah, desculpe-me, eu não sabia... Mas, de qualquer forma, o convite fica feito e se mudar de idéia, a sua avó sabe onde moramos.<br />Neste momento, salva pelo congo, a campanhia tocou pesadamente. Parecia que quem tocava, tinha esquecido do dedo em cima dela. Era a mãe da Rita e do Alfredo. Agradeceu a D. Amélia o convite, agarrou na mão dos filhos e sem cumprimentar a Carolina, foi embora com eles. Ela já estava habituada a não ser notada, por isto, não se importou muito. Antes que sua avó fechasse a porta, ainda consegui ver que a cortina da janela da casa de Serginho estava em parte recorrida e parecia ter visto a cara e a mão dele atrás dela. Seu coração sorriu satisfeito.<br />No dia seguinte, Carolina foi ao Hospital acompanhada de D. Amélia, pois D. Clara telefonou e disse que não iria buscar a menina. Quando chegou lá, Marcelo estava com a sua namorada no corredor a conversar e pareciam muito apaixonados.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-76496378716579215812008-06-06T11:20:00.000-07:002008-06-06T11:47:07.634-07:00Mais amigosSerginho estava visívelmente envergonhado, mas Carolina também estava. Não se olharam muitas vezes. Evitavam propositadamente por não se conhecerem, mas D. Amélia tratou de deixá-los mais à vontade.<br />- Serginho, conte à minha Carolina sobre os bonequinhos de giz que você faz.<br />- Não é preciso D. Amélia. - Disse ele, tentando se esquivar de fazer comentários de seu hobbie preferido.<br />- Vá lá, não tenhas vergonha. Ela com certeza vai gostar muito.<br />Serginho tinha uma mochila nas suas costas. Tirou a mesma em silêncio, abriu e com sua mão por uns segundos cruciais para Carolina, tirou de lá uma caixinha. Olhou a mesma por mais uns segundos e lentamente, entregou à Carolina.<br />- Eu tinha trazido para ti, era para o seu aniversário. - Disse Serginho, timidamente.<br />Carolina olhou para a sua avó com os olhos a brilhar e a viu com as duas mãos dadas para a frente com a mesma sensação de surpresa e satisfação que tinha ela. Abriu a caixinha de madeira e lá dentro, em cima de um trapinho de veludo vermelho, havia uma escultura em giz. Era uma silhueta de menina com cabelos compridos, saia e um livro nas mãos na parte de trás das costas.<br />- Fiz pensando como você seria, de acordo com a descrição da D. Amélia. E este livro é o seu diário. Este que ganhou hoje. - Explicou Serginho, rapidamente.<br />- Oh... Que bonito Serginho. A mim, encantou. - Falou D. Amélia, emocionada.<br />- É muito bonita, mas eu não sou assim tão bonita como a escultura... - Disse Carolina, envergonhada e agradecida.<br />- É, pois...<br />Naquele momento bateram à porta e D. Amélia foi ver quem era. Não tardou muito e voltou com outros dois vizinhos. Rita e Alfredo.<br />- Carolina, a sua festa já está começando a se compor. Estes também são meus vizinhos. Convidei-os para virem lanchar contigo e para conhecer-los. Saõ novos moradores e ainda não conhecem ninguém, daí aproveitei o dia para virem até aqui.<br />- Olá... Toma. Este é seu presente de aniversário. - Falou Rita, entregando à Carolina uma fita vermelha para ela colocar no cabelo. - Eu ganhei uma de cada cor, mas acho que você fica bem com ela. Já tenho outra vermelha, esta não vai me fazer falta, e eu não tenho dinheiro para lhe comprar outra coisa.<br />- Oh, é linda. Obrigada. - Falou Carolina, ainda agarrada à caixinha da escultura de giz.<br />- Eu não trouxe nada, mas acho que a minha presença já é suficiente. - Disse Alfredo, se encurvando e beijando a parte de cima da mão vazia de Carolina.<br />D. Amélia ficou contente com os convites que fez e não deixou de notar a carinha de insatisfação do Serginho quando viu o gesto de Alfredo para Carolina. Deu um sorriso delicado e foi buscar o bolo.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-65674371467337431222008-06-05T06:38:00.000-07:002008-06-06T11:19:32.715-07:00Os mágicos dias da minha vidaCarolina saiu do Hospital sem uma resposta ou reacção do seu pai, mas ainda sentia a pressão da mão dele sobre a sua. Não conseguiu ver o enfermeiro Marcelo, nem sua mãe deixou que ela fosse ver os meninos da oncologia. Foi durante todo o caminho, a olhar as ruas, as pessoas, e reparou a quantidade de gente que andava de mãos dadas à outra. Via a alegria e a cumplicidade na cara de cada um, e lembrou-se dela com pena. Não lembrava de ter tido um amigo, e sequer tinha algum na sua escola. Sabia que era uma menina muito tímida e fechada, mas nunca, nenhum dos rapazes ou raparigas se aproximou dela para fazer algum tipo de conversa, que não fosse dentro da sala de aula, e por motivos lógicos.<br />D. Clara, por ser aniversário de Carolina, deixou-a passar todo o dia na casa da sua avó e disse, por milagre, que não precisava ir à Escola. Levou-a até o Hospital para ver Sr. Fernando e a deixou outra vez na casa da avó.<br />D. Amélia, era uma mulher adorável. Não sabia da falta de carinho que sua filha dava a Carolina. Imaginava, que Carolina, era a criança mais feliz do mundo. Comprou-lhe um diário com capa de veludo verde escuro, com umas florzinhas douradas pintadas a um canto direito. Por cima, com letras pequenas e delicadas, estava escrito: "Os mágicos dias da minha vida".<br />Carolina recebeu este presentinho da sua avó, assim que a sua mãe arrancou com o carro em alta velocidade. Alegava que tinha muita pressa e que não podia estar com Carolina.<br />- Gostou, minha linda? - Perguntou sua avó, amavelmente. - Foi eu mesma que forrei e pintei as flores. A frase, foi escrita por Serginho. É um rapaz da sua idade que mora aqui ao lado. Sabes que sua avó não sabe escrever... Mostrei ao Serginho o presentinho que estava fazendo para seu aniversário e ele disse que se você era tão especial quanto eu lhe dizia, que então, merecia também uma frase especial. Daí escreveu isto. - Gosta?, - insistiu ela, preocupada.<br />- Muito avó. Muito mesmo. - Disse Carolina, emocionada.<br />Neste momento, ouviram um barulho por detrás da porta. Olharam surpresas e viram que estava um rapazinho assustado a olhar para elas.<br />- Desculpe D. Amélia. Eu estava aqui desde o início. Vocês não me viram entrar, porque a porta estava aberta. Tinha curiosidade de saber se sua neta tinha gostado do presente. E trouxe outra coisa, caso ela não ficasse satisfeita por eu ter escrito no livro que a senhora fez...<br />- Olá... - Disse Carolina, timidamente. - Eu gostei do que escreveste...<br />- Olá Serginho, esta a minha neta Carolina, como já sabes... - Disse D. Amélia, a sorrir da maneira que o Serginho encontrou para conhecer Carolina. - Entre, entre, não fique aí atrás da porta. Vamos comer um bolo que eu fiz para Carolina. Os dois se olharam envergonhados e seguiram D. Amélia até a cozinha, com um afastamento de dois metros um do outro.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-39125354423841215442008-05-30T23:44:00.000-07:002008-05-31T00:22:41.247-07:00Um desejo de aniversárioDurante um mês Carolina conversou com seu pai sempre que pôde. O médico disse que ele estava evoluindo por razões que ela não sabia explicar, mas soube que os seus índices de vitalidade estavam dentro da média. Só lhe faltava abrir os olhos e falar, pois não seria muito bom que seu estado de coma durasse muito tempo, para que ao acordar ele não ficasse com nenhuma sequela.<br />Carolina já estava mais tranquila por saber que a saúde de seu pai pelo menos se mantinha. Um dia no Hospital, D. Clara a deixou sózinha por mais tempo com S. Fernando. Era o dia do seu aniversário. Fazia 13 anos. Falou com seu pai que tinha muita saudade dele e que como completava esta idade, ela é que tinha trazido um presente para ele. Dentro do seu bolsinho do vestido, Carolina trazia a fotografia da sua mãe. Ainda não tinha plena certeza, mas quanto mais via a fotografia, mais desejava que aquela senhora fosse realmente sua mãezinha...<br />- Pai... - Disse Carolina.- Trouxe a fotografia que lhe tirei da gaveta. Assim podemos, os três, comemorar o meu aniversário.<br />Carolina segurou a mão do seu pai e colocou o dedo indicador dele a acariciar o rosto da fotografia. Apesar de Sr. Fernando não colaborar com o gesto e deixar que seus dedos fossem guiados pela mãozinha da Carolina, ela viu que de seus olhos mais uma vez, escorria uma lágrima. Notou que suas cores mudaram como se ele estivesse nitidamente emocionado.<br />- Eu sei que não podes falar comigo, mas hoje o maior presente que podia receber, era que o senhor finalmente acordasse. E completava a minha alegria se me desse a certeza de que esta senhora era minha mãe... E mais, se Deus existe, - Continuou Carolina, com a mão no peito, como se estivesse a fazer um pedido a Ele.- queria saber onde a poderia encontrar...<br />Depois de ter falado em voz alta, deixou-se divagar em seus pensamentos, como se estivesse a imaginar este dia. Ficou durante uns segundos com a sua mão, a mão do Sr. Fernando e o retrato da sua mãe, agarrados a um passado que nenhum dos três saberia contar ao certo, pois nunca tiveram oportunidade de aproveitar.<br />Neste momento, como por milagre, Carolina sentiu que a mão de S. Fernando apertou levemente a sua. Pensava que tinha sonhado, quando de repente ele repetiu o gesto, mas desta vez, mais forte. Tanto que Carolina teve que tirar a foto para não a machucar. Voltou a colocar dentro do seu bolso e olhou para ele. - Pai, pai, pai... Disse ela tentando acordá-lo. - Estás a me ouvir? - Continuou. - Acorde pai. Vamos procurar mamãe. Vamos viver os três juntos e ser feliz. Por favor pai, já não aguento viver assim. Faço hoje 13 anos e não lembro nunca de ter sido feliz. Por favor, pai, me ajude...Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-35581676036545151002008-05-26T00:25:00.000-07:002008-05-26T04:56:23.857-07:00Duas satisfaçõesPor uns instantes, Carolina pensou que não tinha compreendido bem o que Marcelo havia dito. Mas não arriscou perguntar outra vez. Percebeu o motivo da tristeza que transparecia no rosto dele e tentou lhe confortar com palavras de confiança. Apesar da sua idade... Por vezes as crianças nos surpreendem.<br />- Olha, não fique triste não, viu? Acho que Arnaldinho já esperava que isso fosse acontecer. Ele se sentia muito bem com vocês e com a condição de vida que lhe foi imposta e quando falei com ele, parecia que só queria ser feliz em todos os momentos que pudesse...<br />- Eu sei, Carolina. Eu sei. - Falou Marcelo, interrompendo-a. - Apesar desse trabalho ser infelizmente rotineiro e perder muitas crianças ao longo do ano, creio que jamais me conformarei com o destino.<br />Carolina não se atreveu a contestar o desabafo de Marcelo. Deixou que ele próprio se auto relaxasse e aceitasse com o tempo. Ela, mesmo não tendo conhecido Arnaldinho como pretendia, e dentro da sua insatisfação pessoal, até pensou em estar no lugar do pequeno. Mas não deixou transparecer, nem falou nada para Marcelo. Não pretendia lhe agitar ainda mais a sua alma sofrida.<br />Quando eles chegaram no andar do pai de Carolina, D. Clara já estava lá. Não teve nenhuma reação negativa, e agradeceu a Marcelo pela boa vontade.<br />- Não precisa agradecer, minha senhora. Carolina é muito boa companhia. Gosto muito dela.<br />Carolina ouviu a voz dele dentro do seu coração como uma flecha que entra em câmara lenta e espeta levemente no sentimento sentado a dormir. Olhou para ele com ternura e o viu acenar com a mão, um até logo breve, em que Carolina notou uma mistura de alegria e tristeza.<br />Ela sabia que era muito jovem para amá-lo como uma mulher ama um homem. Tinha apenas doze anos e ele vinte e dois. Ainda por cima, tinha uma namorada que era encantadora. Carolina, na verdade, não estava apaixonada pelo homem, mas sim pelo amigo que ele parecia ser, pela carência afectiva que ela sofria e pela necessidade de falar com alguém que "realmente gostasse dela".<br />- Vamos! - Disse D. Clara, secamente.<br />Antes que pudessem sair do corredor, o Médico substituto de Sr. Fernando a chamou e estava um pouco agitado.<br />- Minha senhora, por acaso é a senhora a esposa do Sr. Fernando Pignar? - Perguntou ele, como se tivesse uma boa notícia para dar, pois seus olhos brilhavam.<br />- Sim. Por acaso sou. - Respondeu D. Clara, sem notar nada de extraordinário na voz do Médico.<br />- Muito prazer. Eu sou Alexandre Sanchez, o Médico de plantão desta noite. Queria apenas que soubesses que a Enfermeira-chefe me comunicou que depois que sua filha saiu do quarto do paciente, caíram pelo menos duas grandes lágrimas de seus olhos. Apesar do seu estado de coma, podemos afirmar que, se a menina falou com ele algo, com certeza lhe deve ter emocionado. E esta reacção é muito positiva.<br />- É mesmo? - Perguntou D. Clara, tentando fazer um ar feliz. - Que bom. Vamos ver se melhora então. Logo mais à noite venho fazer-lhe um pouco de companhia.<br />- Eu também venho contigo, mãe. - Falou Carolina, muito emocionada.<br />- Você ficará com a sua avó Carolina. - Disse D. Clara, se despedindo ao mesmo tempo do Dr. Alexandre.<br />Carolina compreendeu que não deveria ser permitido crianças durante a noite. E era possível que D. Clara dormisse ali aquela noite. Foi durante todo o caminho com duas satisfações no peito. Uma era por ter passado aqueles momentos com o enfermeiro Marcelo e a outra era por saber que poderia conversar com seu pai. Pois ele a ouvia.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-60212843428186661612008-05-25T03:34:00.000-07:002008-05-25T04:03:05.970-07:00Segunda perdaCarolina foi procurar D. Clara, mas não a encontrou. Andou corredor acima, corredor abaixo e não conseguiu ver onde estava a sua mãe. Arriscou-se descer as escadas, pois tinha medo de ir sozinha no elevador. Olhou para um lado, olhou para o outro, e nada. Nem sinal da sua mãe. Resolveu voltar para o mesmo andar do seu pai. Pelo menos assim, tinha certeza que não se perderia.<br />Quando virou o seu corpo para voltar a subir as escadas, ouviu alguém chamar-lhe pelo nome. "Carolina!". Ela olhou curiosa. Podia ser uma coincidencia, pois a voz era de um homem. Ouviu outra vez, mas com a certeza de que quem a chamava estava mais perto e do lado contrário ao que olhava. Era Marcelo Galardo, o enfermeiro.<br />- Olá, Carolina. O que fazes aqui sozinha? O seu pai não está no segundo andar? - Disse ele, preocupado - Onde está sua mãe? - Perguntou.<br />- Na verdade não sei. Estava com o meu pai e ela disse que eu não demorasse. Quando voltei, já não a encontrei onde me disse que estaria. - Disse Carolina, um pouco pertubada por estar outra vez com Marcelo. Olhava profundamente nos olhos dele, numa mistura de amizade e amor. Estava perfeitamente confortável em estar ao seu lado. Por algum motivo, confiava plenamente nele. Achava que lhe inspirava estabilidade e carinho. Aproveitou para lhe segurar na mão e pedir que lhe ajudasse a encontrar a sua mãe.<br />Marcelo, ficou muito emocionado com o pedido e a confiança de Carolina. Consentiu que apesar de estar a caminho do necrotério, podia perfeitamente acompanhar Carolina para ajudá-la a conseguir alguma informação da sua mãe.<br />- Olá Carmencita, você por acaso viu a mãe desta menina? Ela é a filha do senhor que está em coma no 218. Estiveram as duas aqui neste momento a visitá-lo, mas Carolina não consegue encontrar sua mãe. - Perguntou ele, à sua colega enfermeira.<br />- Sim, claro. - Respondeu ela. - Disse-me que ia tomar um café no Refeitório enquanto a menina estava com o pai. Tens que ir ver se ainda lá está, ou esperar aqui mesmo.<br />- Vamos ver se lá está. - Disse Carolina apressada, usando o motivo para estar mais tempo com as mãos dadas a Marcelo.<br />- Sim, vamos até lá. Mas por favor, se ela retornar, diga-lhe que Carolina está comigo e eu já a trago de volta se não a encontrar na Cafetaria.<br />Carolina estava mais feliz do que no dia que dia que ganhou seu carrossel. Estava com Marcelo. Era o seu amigo. E sabia que podia acompanhá-lo para todo lado que ele fosse.<br />- Como estão os meninos da festa? - Perguntou Carolina, já descontraída pelos frios corredores do Hospital.<br />- Estão como Deus manda, Carolina. Gostamos muito de estar com eles. Fazemos os possíveis para que todos os momentos de cada um, sejam os melhores de suas vidas. Não é fácil ser feliz nestas condições de saúde...<br />Carolina notou que Marcelo mudou de ânimo com o assunto.<br />- E você fica muito triste com isso, não?<br />- Sim, fico muito triste. - Disse ele, suspirando. E calando-se.<br />Fez-se um silêncio muito grande que incomodou Carolina. Entraram no elevador, saíram, viraram por um corredor que parecia um "U" e entraram na Cafetaria. Olharam os dois para todos os lados, e não viram sinal de D. Clara. Marcelo, disse simplesmente que ela não estava ali e que iria lhe colocar no andar que estava antes. Voltou outra vez pelo mesmo caminho, sempre em silêncio.<br />O coração de Carolina já palpitava de tanta ansiedade. Arriscou fazer uma pergunta.<br />- Como está Arnaldinho?...<br />- Arnaldinho, Carolina... Faleceu esta manhã.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-17923908987654059562008-05-23T04:26:00.000-07:002008-05-25T03:30:58.205-07:00Um momento de emoçãoD. Clara levou Carolina ao Hospital um pouco a contragosto, pois não se sentia mais aliviada por ter tido aquela conversa com ela. Mas, ao contrário do que se esperava, passou toda a manhã a pensar na sua própria vida. Tentava organizar mentalmente o que faria depois da morte do seu marido e não tinha decidido ainda se incluiría Carolina. Pensava que na verdade, ela não era uma criança difícil, mas não conseguia aceitá-la por ser ela a filha de um relacionamento extra-conjugal. Assim, cada vez que a imagem da mãe de Carolina vinha à sua cabeça, seu humor e sensatez iam definitivamente embora. E seu descontrole, atingia fatalmente à Carolina.<br />- Espere-me aqui. Vou falar com Enfermeira e ver se Fernando já pode receber visitas. - Disse D. Clara, com alguma paciência para Carolina.<br />Ela consentiu abaixando a cabeça e procurando um lugar para sentar. Estava no hall de entrada dos corredores dos quartos de tratamentos. Viu vezes sem conta, o passar de auxiliares, enfermeiras e médicos que subiam e desciam pelos elevadores. Também viu, infelizmente, uma maca a passar com um corpo coberto até a cabeça, saindo provavelmente da sala de UTI. Não pensou que fosse o seu pai, pois o tamanho era muito menor que o dele. Seu Fernando era alto e bonito, lembrava Carolina com saudades, dando um suspiro, tanto pela suposta morte do paciente, como pelo lamento da situação do seu pai.<br />Esperou pelo menos quinze minutos até que veio D. Clara lhe chamar.<br />- Seu pai está no quarto 218 em observação. Não mexa em nada. Ele está dormindo, portanto não pode lhe ouvir. Vou falar com o médico enquanto você vai vê-lo. Não demore lá dentro. Venha se encontrar comigo aqui neste mesmo local.<br />Carolina já estava acostumada a ser mandada por D. Clara, para aqui e para ali, e raramente ela lhe acompanhava. Apesar de esta atitude lhe forçar a ser independente, houve ocasiões em que ela necessitava de apoio e não teve. Carolina entretanto, entrou no corredor com o coração aos saltos. Estava tão feliz de ver o seu pai, que não se importava dele estar dormindo.<br />Entrou e o viu ligado às máquinas. O som da máquina de medir os batimentos cardíacos era tranquilizador. Parecia o som de um coração metálico. Pi... pi... pi... pi... pi...<br />Aproximou-se da cama e segurou na mão do seu pai. Olhou-o com carinho e deixou uma lágrima cair dos seus olhos. Com aquele toque de mãos, Carolina sentiu que há muito tempo não lhe segurava assim. Sentiu a força que tinha o seu pai, ao ver que tinha ele uma mão grande e rígida, ao contrário das dela que eram pequenas e muito macias. Ficou um tempo a admirar as duas mãos.<br />Carolina, sem saber porque, começou a conversar com seu pai, esquecendo que ele não a podia ouvir.<br />- Sabe pai, eu tenho uma coisa para lhe confessar. - Disse Carolina, com a cabeça baixa e os olhos mirando a mão, veias e unhas dele. - Um dia eu fui ao seu quarto e na sua ausência remexi na gaveta do seu lado da cama. Já não me lembro o que buscava, mas talvez tenha sido levada por uma vontade de descobrir porque eu não sentia que minha mãe não era mesmo a minha mãe. Procurava um segredo e encontrei um retrato. Não sei se deu por falta dele, pois nunca me questionaste sobre isto. Quero lhe dizer que apesar de não saber quem é, ainda o tenho comigo. Agora que estás nesta cama, penso que não valerá a pena devolver. Vou ficar com a fotografia e só a devolvo se você mesmo me pedir. É pena que não podes falar comigo e dizer-me quem é aquela senhora, mas confesso que gostaria de pensar que ela é a minha mãezinha verdadeira...<br />Carolina foi interrompida pela Enfermeira.<br />- Desculpe-me minha querida, mas temos que fazer um exame no paciente. Pode dar um beijinho nele se quiser, volto em um instante, mas aconselho que vá ao encontro da sua mãe. Ela lhe espera.<br />- Sim senhora. - Respondeu amavelmente Carolina.<br />Então soltou delicadamente a mão do seu pai e colocou seus pezinhos em pontas para acançar o seu rosto, quando percebeu que havia uma lágrima a lhe escorrer no canto dos olhos. Abriu os olhos de espanto e lhe enxugou a lágrima.<br />Quando a enfermeira retornou, Carolina perguntou se era possível que ele a tivesse ouvido falar com ele e a enfermeira confirmou. Disse que normalmente as pessoas em estado de coma, costumam ouvir as conversar que se passa em sua volta. Assim contam algum, quando saem deste estado e retornam à vida normal.<br />Carolina aproveitou para beijar outra vez o seu pai e dizer a ele que voltava no dia seguinte. E ainda mais feliz ficou por ver que ele se emocionou com o que ela falara. Será que estava feliz em saber que Carolina afinal já estava perto da verdade?Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-33538201124691085142008-05-20T13:44:00.000-07:002008-05-20T14:03:53.236-07:00O dia seguinteAssim dormiu Carolina, assim despertou Carolina. Pensando e sonhando com a sua mãe. Levantou-se e viu que não tinha trocado a roupa do pijama, mas não se importou. Tomou um banho, e fez a higiene bucal. Olhou-se no espelho e não viu mais o seu sorriso inocente de quem espera por um dia magnífico. Viu seus olhos meio inchados do sono e das lágrimas. Sentiu pena de si mesmo. Pobre criança. Queria eu ter sido mais amigo e mais chegado a ela para que não sofresse tanto... Podia contar histórias de crianças que sofriam mais que ela e que não tem como comer ou estudar e outras coisas mais. Entretanto, penso que Carolina não me ia ouvir. Cada criança sofre o pedacinho da sua vida de acordo com o que sente e não com que o resto do mundo está a passar. Sei que quando adulto pensamos mais naquilo que se passa no resto do mundo, mas Carolina naquele momento, só queria pensar em sua mãe. E sei que não me ouviria...<br />Carolina, trocou-se, desceu preparada para ir à Escola, apesar de não ter nenhuma vontade. Pensava no seu pai e a cada minuto que suspirava, tentava fazer força para que acordasse outra vez e concluísse que afinal a sua vida toda até aquela hora tinha sido um longo pesadelo. Mas como sempre, os seus desejos são quebrados por um som que lhe desencanta de qualquer pensamento que lhe possa aliviar, Dona Clara lhe chamou estridentemente.<br />- Carolina, está na hora de levantar. Não pense que vai inventar alguma coisa para não ir à Escola.<br />- Já estou aqui. Não ia inventar nada. - Disse, Carolina falando em um tom mais baixo que D. Clara e aparecendo de repente à frente dela.<br />- Que susto! Estás maluca. Como é que vem assim de mansinho, sem dizer nada e falando já ao meu lado?! Nunca mais faça isso, ouviu? - Disse D. Clara, com uma mão no coração e a outra segurando no braço de Carolina. - Sente-se já para comer, completou.<br />Carolina comeu em silêncio. Parecia que a vida lhe arrastava como se ela não quizesse ser levada para lado nenhum. De repente, lembrou-se das crianças do Hospital e do Enfermeiro que era seu amigo. Talvez o Marcelo a pudesse ajudar.<br />Pensou e respirou ofegante, comendo mais depressa. Estava desejosa de que a manhã passasse para ir ao Hospital ver seu pai e encontrar o seu amigo.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-29909741040767680022008-05-20T01:09:00.000-07:002008-05-20T01:18:07.946-07:00NotíciaComo o Blogger só me permite avisar a apenas 10 dos meus contactos para a notícia de mais um capítulo da "Novela quase verídica", esta mensagem se chegou a ti, é porque o mantive como leitor, se é uma mensagem nova, é porque o escolhi a dedo e com motivos.Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-21718456207051271402008-05-16T16:33:00.000-07:002008-12-09T18:54:22.694-08:00A mãe<em><span style="font-size:85%;">(Para quem já leu uma vez esta Folha 12, aconselho ler outra vez, pois modifiquei algumas frases e completei a mesma como prometi)</span></em><br /><br /><a href="http://2.bp.blogspot.com/_C_hL6Uosa3U/SC4oQ94-S_I/AAAAAAAAACQ/bOu0XoDw_uQ/s1600-h/Mãe+de+Carolina.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5201138891616046066" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 97px; CURSOR: hand; HEIGHT: 129px" height="183" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_C_hL6Uosa3U/SC4oQ94-S_I/AAAAAAAAACQ/bOu0XoDw_uQ/s320/M%C3%A3e+de+Carolina.JPG" width="154" border="0" /></a> Já em seu quarto, Carolina não foi atirar-se para a cama como era suposto. Incrivelmente, abriu a gaveta da sua escrivaninha e tirou de lá uma fotografia que por sua vez, tinha um dia tirado da gaveta do seu pai. Sr. Fernando nunca tinha falado nada sobre o assunto, e ela sempre esperou que ele desse pela falta do retrato. Agora já sabe porque o pobre homem nunca falou nada. "Seria a foto daquela mulher, a sua mãe?". Pensou Carolina.<br /><div>Segurou delicadamente na fotografia meio gasta e com algumas vincos já craquelados do papel. Levou até a sua cama, com passinhos pequenos e silenciosos. Não tinha pressa para chegar e admirava com carinho o rosto da senhora. Tinha cabelo curtos e ondulações bem feitas e bem marcadas. Negros, como não são os de Carolina. Mas agora ela via, que realmente D. Clara tinha razão. A sua cara era exactamente igual a daquela mulher... Seu coração acelerou. E parecia que os olhos que a miravam da fotografia, penetrava directamente nos seus e lhe atingia como um raio. </div><div>E pior do que ter a fotografia e a revelação, foi a lembrança do dia anterior.</div><div>Como um <em>flash back, </em>Carolina viu a imagem daquela mulher que tinha uma mancha roxa no queixo... Sua mente lhe transmitiu um calafrio na espinha e antes que chegasse a sentar na cama, flexionou o joelho em um impulso contrário. "Seria ela a sua mãe? Meu Deus!!", assustou-se Carolina, com o que tinha pensado. Ficou apavorada e seu coração já não queria aguentar no peito. Pulava tanto que quase se ouvia sem auscutar. Pum bum, pum bum, pum bum...</div><div>Ela tinha que encontrar uma maneira de encontrar sua mãe outra vez. Tinha que ter certeza se era ela que a estava a olhar da esquina. E se levava uma criança ao colo... As perguntas e as dúvidas saltavam de um lado para o outro em sua cabeça e por um segundo lhe pareceu que iria desmaiar. Sentou-se e recostou lentamente as costas na cama.</div><div>- Tenho que encontrar a minha mãe... - Murmurou.</div><div></div><div>A princípio daquela noite, Carolina não conseguiu dormir. Mas em uma espécie de sonho acordado, viu-se a encontrar com a sua mãe em uma sala de apoio social. Imaginava que aquela mulher que viu na cidade tivesse problemas financeiros, pois estava pobremente vestida e trazia um bebê ao colo. Aquela mancha no rosto, poderia ter sido de alguma violência feita por seu companheiro, ou melhor, preferia pensar que a senhora tivesse caído e batido o queixo no chão. "Oxalá...", pensou Carolina, tentando não pensar em muitos sofrimentos que ela pudesse ter tido, visto que esperava que fosse realmente a sua mãe.</div><div>Viu-se na sala e mentalizou o encontro das duas como um filme de amor. Abraçou-a como se tivessem saudades uma da outra e tamanho foi o esforço mental, que um lágrima lhe escorreu do canto do olho e entrou no seu ouvido. Carolina não se importou com incômodo da água salgada que lhe entrava pelo orifício. Sentia que esta lágrima lhe ligava às lembranças de uma mãe que nunca teve. Assim, deixou que esta lágrima fosse uma mensagem que lhe chegava aos ouvidos.</div><div>Carolina assim dormiu. Com uma lágrima a acalentar como uns braços de mãe. </div><div></div><div><em></em></div>Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6512107097906822469.post-58147662716393774912008-05-15T10:23:00.000-07:002008-05-15T23:32:17.635-07:00RevelaçãoCarolina, já pálida, escutou D. Clara que olhava profundamente para os seus olhos.<br />- Você não é minha filha verdadeira. Já deve ter notado. Nunca gostei de ti Carolina e não pretendo gostar ou estar com você nesta casa, caso seu pai morra. Sempre soube que seu pai não gostava de mim. Mas o meu pai, fez um trato com o seu avô e eu tive que te aceitar para criar como se fosse minha filha. - Disse D. Clara, sem pestanejar. - Não gosto da maneira como me olhas e não gosto da sua cara. Você se parece com a sua mãe biológica e eu não a suporto. Por isto que estou a lhe falar, e mais uma vez repito, se seu pai vier a falecer, você irá para a casa de sua avó. Minha mãe, não sei porque cargas d'água, gosta de ti e não a quer deixar ir para longe dela.<br />- Mas, mas... - Gaguejou Carolina.<br />- Cale-se. Não me interrompa. - Vociferou D. Clara. - Eu não terminei. Não adianta vir com a idéia que quer conhecer a sua mãe ou que era melhor se voltasse para ela. Isto jamais vai acontecer. Nem por cima do meu cadáver. Aquela mulher não merece nada que eu lhe ofereça. E não vou discutir este assunto com você. Tens dez anos de idade e até completar alguma coisa que se pareça com maturidade, vais obedecer a quem eu mandar.<br />Carolina não acreditava em tantas palavras arrogantes e rudes. Queria fugir dali aos prantos e atirar-se em sua cama. Mas tinha tanto medo de D. Clara que não se atreveu sequer a chorar. Como disse ela, não queria ver nenhuma lágrima a saltar dos olhos.<br />"Que mal eu fiz, para merecer isto..." Pensou Carolina, a chorar por dentro da sua alma.<br />- Amanhã vai comigo ao Hospital e não quero que faça cara de tristeza, do contrário jamais voltará a ver o seu querido pai.<br />Carolina acenou com a cabeça e sem tirar o olhar da D. Clara, com coragem perguntou:<br />- Posso ir agora?<br />- Não. Pode dizer o que quer falar, pois não vou mais voltar a este assunto.<br />- Eu não tenho nada o que dizer. Amanhã vamos ver o pai e quando ele falecer, mudo-me para a casa da avó Mamela. - Disse Carolina, tentando mostrar frieza nos seus sentimentos e tratando a avó Amélia pelo nome carinhoso. - Posso ir deitar agora?<br />- Sem comer? - Perguntou D. Clara, satisfeita por Carolina ter obedecido e não ter feito nenhum teatro infantil.<br />- Não tenho fome. Comi um pedaço de bolo no Hospital com os meninos. - Disse ela, mentindo.<br />- Pois bem. Suba então.<br />E lá foi Carolina. Devagar, mas com passos firmes. Sentia-se como se tivesse crescido mais cinco anos. Sua cabeça dava milhões de voltas, mas havia uma coisa que lhe deixava completamente feliz: A sua mãe, não era D. Clara!Joice Wormhttp://www.blogger.com/profile/10233868145355014723noreply@blogger.com2