viernes, 4 de julio de 2008

Dominica

D. Amélia naquele momento se apoiou na cadeira para não cair e como uma retrospectiva, as lembranças lhe vieram à mente. Continuou com a mão levantada até a boca e começou a chorar. A princípio, não sabia distinguir o sentimento que estava passando, mas depois de se recuperar, sabia que chorava por toda a história de vida da sua filha, parecer uma novela. Sentiu pena da sua pobre criança, porque desde seu nascimento, a vida não lhe sorrira com perfeição. Era uma criança desprovida de beleza, e o que lhe permitiu ter amigos foi a soma de dinheiro que a família possuía. Com melancolia pensou como deveria ter crescido com amargura. E naquele instante, com as atitudes que lhe apresentou, finalmente teve certeza do que tanto temia. Clara iria se vingar da vida impedindo que as pessoas fossem felizes.
- Papá tem a culpa de tudo o que estou a passar agora... – Disse Clara, com os olhos vermelhos de raiva e emoção. – Ele é que não confiou em mim e sequer imaginou que eu poderia conquistar alguém por meus próprios meios. Não sou bonita, mas sou inteligente. Sei o que tenho que fazer para conquistar um homem. Mas Fernando, como já casou comigo na condição imposta por nossos pais, nunca me olhou como mulher, mas sim como um negócio. – Eu-não-sou-um-negócio! Sou vítima de uma aposta! – Gritou, Clara, sem a preocupação de ser ouvida por Fernando e Carolina.
Mas, mal sabia ela que Serginho é que a escutava perfeitamente do lado de fora. Entretanto, quando ele finalmente tomou coragem para entrar, olhou para trás e viu a sua avó sozinha na porta de casa, sem saber como entrar. Saiu a correr ao seu encontro no mesmo momento em que ela já se ia outra vez embora.
- Vó, estou aqui. – Disse ele, mais que depressa.
- E quem és tu? – Perguntou Dominica. – Não te conheço menino. Vai para sua casa que já é tarde, anda.
Serginho era uma rapazinho muito inteligente e sensível. Aprendeu com sua mãe a cuidar e ter paciência com Dominca. Ela por vezes lembrava de quem era quem na família, mas cada dia que passa, se esquece mais e mais de coisas que seria natural não esquecer.
- Dominica, venha comigo. Sei que você mora nesta casa. – Disse Serginho com paciência de adulto para um rapaz com catorze anos de idade. – A chave está na porta e você pode entrar sem problemas.
Naquele mesmo instante chegou a sua mãe. Serginho lhe contou o que tinha passado para que ela os encontrasse na rua e ela não se importou. Segurou no braço de sua mãe e entram os três para casa. Serginho segui as duas, aliviado por sua mãe ter chegado mesmo à tempo, mas não tão aliviado com a situação que descobriu da vida de Carolina. Olhou para trás e percebeu que ela estava na janela a olhá-lo. Acenaram um para o outro e ele se deteve na porta, como não quizesse entrar. Carolina entretanto fechou lentamente a cortina e apagou a luz. Serginho compreendeu, e entrou.

2 comentarios:

Tiago Soarez dijo...

Joyce,
Não sei se vc ficou sabendo, mas aqui no Brasil, especificamente em São Paulo, a Internet parou de funcionar entre quarta e quinta, voltando apenas hoje, quase agora, em boa parte do estado. A Telefonica, empresa responsável por boa parte do acesso a Internet em SP inventou várias desculpas esfarrapadas para o caso. Enfim, voltamos a acessar a internet e vi que vc publicou mais 2 folhas, que acabei de acompanhar.

Deve ser dureza para Clara saber que se casou com um homem que praticamente a vê como um negócio.

Agora q to pegando o ritmo, tenho q ler mais!

Beijos

Joice Worm dijo...

Ih Thiago. Já nem sei como uma pessoa pode ficar sem internet. Sou quase viciada. Mas destas que ainda dá para desintoxicar. (risos).
Obrigada por estar acompanhando esta Novela. A Clara tem seus motivos, mas poderia ser um bocadinho mais condescendente com a Carolina... Ainda há muito por descobrir.