domingo, 15 de junio de 2008

Primeiro dia do início de uma vida

Carolina mais que rapidamente, caiu na cama de Sr. Fernando, como se ele tivesse retornado de uma viagem muito longa, sem dar notícias. Abraçou-o a chorar e a apertar sua cabeça contra o peito do seu pai.
- Pai, pai, você acordou! - Disse ela, perdidamente feliz.
- Olá minha querida... - Balbuciou Fernando, ainda com a voz um pouco fraca. - Como estás minha filha adorada... Temos muito o que conversar... - Completou ele, olhando nos olhos de Carolina profundamente.
- Sim, pai, sim... Mas agora descanse. Não se esforce muito. Quero que você saia daqui o mais rápido possível. Temos muito para conversar e para viver...
- Que emocionante meus queridos!... - Disse D. Amélia, comovida com a conversa dos dois. - Vou chamar a minha filha, para lhe dar a notícia. Ela também vai ficar muito feliz.
Carolina, olhou para o seu pai e notou, como ele à ela, que o facto de avisar a D. Clara, não parecia tão boa idéia. Mas nenhum dos dois teve coragem de dizer a D. Amélia que por favor não a chamasse tão de imediato.
- Vovó... E se nós deixassemos que a mamãe descobrisse como nós... Ela iria ficar feliz com a surpresa. - Tentou Carolina, sem muitas esperanças.
- Não sei, do jeito que minha filha é. Acho que não gostaria de ter uma surpresa misturada ao detalhe de que nós já sabemos da notícia. É melhor eu lhe telefonar.
Dizendo isto, D. Amélia saiu do quarto, não sem antes passar a mão pelos cabelos de Sr. Fernando. "Eu já volto",- disse ela.
Carolina aproveitou estar só com o seu pai para em poucas palavras dizer a ele que viu o que lhe acontecera na noite do acidente. Sr. Fernando ficou envergonhado, mas ao mesmo tempo aliviado. Sabia que poderia contar com a discrição da sua filha e tinha plena confiança que jamais ela contaria a alguém da família. Ele lhe prometeu contar toda a história de seu nascimento e também sobre o retrato que ela encontrou.
Carolina, ainda com a cabeça sobre o peito do Sr. Fernando, sentia o bater forte do seu coração. Neste momento, ele levantou a mão e acariciou os longos cabelos da sua filha.
- Eu te prometo Carolina, que daqui por diante, as coisas serão diferentes. Eu também não aguento mais viver desta maneira. - Disse ele, agora com o olhar distante ultrapassando o vidro da janela do hospital para atingir uma única nuvem que passava no céu azul. - Eu te prometo! - Repetiu, agora olhando nos olhos de Carolina.
D. Amélia voltou e disse que não conseguiu localizar a sua filha. Telefonou para o Salão de Beleza, para a Farmácia, para Mercearia de Sr. Juvenal e até para a vizinha de Clara, mas não teve sucesso. Ninguém a viu esta manhã e tarde. D. Amélia achou estranho, mas resolveu não preocupar Fernando.
- Bom, como é que sabemos agora quando vais ter alta, meu querido?
- Na verdade, não sei... O enfermeiro esteve aqui comigo e se deu conta de que eu já tinha acordado do coma que me encontrava.... Estava acompanhado de uma enfermeira muito agradável e os dois ficaram tão felizes que pareciam que tinham algum parentesco comigo... Fiquei impressionado e feliz por não ter acordado sozinho... A princípio não sabia onde estava e eles me explicaram tudo desde o inicio... Ainda não tenho todas as lembranças no lugar, mas a pouco e pouco..., olhando as coisas e as pessoas em minha volta, como vocês..., termino por me encontrar outra vez. - Explicou Fernando, falando pausadamente.
- Não te canses, pai. - Vou ver se falo com a enfermeira do andar. Já venho.
Enquanto Carolina foi chamar a enfermeira, D. Amélia segurou a mão do Fernando e disse-lhe que estava muito contente por ele ter recuperado a saúde.
- Fernando, agora que já acordaste e o meu medo de que viesses a falecer já tenha passado, quero lhe agradecer toda a sua compreensão com a minha filha. Digo isso, para aproveitar o momento de emoção pelo qual estou passando e como nunca estou só contigo, não queria que minha filha soubesse da minha admiração pela pessoa que você é, e por toda a minha vida estarei sempre grata pelo sacrifício que você fez para manter este casamento. - Falou D. Amélia, com lágrimas nos olhos.
- Não se preocupe Amélia. Está tudo sobre controle. Acho que a Carolina já sabe que não é filha da Clara. Vou ter uma conversa com ela quando estiver fora do hospital. Não vou deixar que sua filha sofra. Tenho que encontrar uma maneira de, apesar de não ter tido uma vida fácil ao seu lado, fazer com que mais ninguém sofra por mentiras. Fique tranquila.
Neste momento entra Carolina com duas enfermeiras. Elas verificaram as máquinas que ligavam o Sr. Fernando, concluíram a sua lucidez, parabenizaram-no com satisfação e disseram que brevemente depois de umas quantas provas e exames, os médicos decidiriam a sua alta.
- Viu pai, vamos torcer para que esteja tudo realmente bem. Se pudesse, dormiria aqui hoje no hospital, mas os seguranças não deixam. Que pena. - Disse Carolina, segurando a mão do seu pai.
- Eu já me sinto bem, filha. Reze para que eu saia ainda esta semana.
- Vai sair! Vai sair! - Repetiu Carolina, com visível esperança.

4 comentarios:

la chica maravilla dijo...

cheguei um dia e vi que sua protagonista chama-se... Carolina!!! guau!

Ricardo Silva Reis dijo...

Não quiz deixar de te dar um beijinho para depois prometer que vou ler, atentamente, todas as folhas e depois "falamos".
Como voces dizem "me aguarde".

Joice Worm dijo...

Caro,
El nombre de Carolina es de los más encantadores para mi depués de Cláudia. Y por increible que parezca, decobri que en la mayoria de los cuentos que tengo, hay siempre una Carolina... jaja.

Só Eu,
Por acaso já sei seu nome verdadeiro, mas mantenho aqui o segredo... (risos). Obrigada pela intenção de leitura, mas se for muito fastidioso, leia o outro Blog do Pequeno Milagre. É mais light. Besitos!

Dalaila dijo...

este conto encanta