martes, 24 de junio de 2008

A Vingança

Realmente Fernando saiu do hospital e apesar de estar em uma cadeira de rodas, foi directamente para casa de D. Amélia juntamente com Carolina. Ninguém sabia do paradeiro de Dona Clara e estavam de qualquer forma preocupados. Já tinham passados dois dias e ela não costumava desaparecer sem avisar pelo menos à sua mãe. Fernando não tinha idéia de onde ela poderia ter ido ou se tinha viajado sem avisar. Carolina, não se importou muito com o facto de sua mãe adoptiva ter desaparecido. Chegou a pensar que ela poderia nunca mais voltar se quizesse.
Mas, «Tudo o que é bom, dura pouco» pensou Carolina quando viu a sua mãe chegar em um Táxi.
- Então. Afinal já estás melhor. Ainda bem. Temos muito o que conversar. - Falou D. Clara, depois de ter entrado sem dar satisfação a ninguém. Nem mesmo à sua mãe.
- Clara, onde estavas minha filha? - Choramingou D. Amélia, com visível preocupação.
- Infelizmente não posso dizer minha mãe. Mas fique tranquila porque eu já estou aqui. Não devo ter feito muita falta. Sei que a minha presença nesta família é de pouco valor.
- Não diga isto, Clara. Todos nós gostamos muito de ti.
Nesta hora, Sr. Fernando baixou a cabeça e Carolina virou as costas para tocar distraidamente um porta retratos que estava em cima de um móvel.
- Não vês, as caras que eles fazem? Acha que me importo? Não se preocupe minha mãe. Cada um tem aquilo que merece.
- Clara, por favor, deixe de tanta amargura. Seu marido finalmente saiu do coma para estar outra vez ao seu lado. O que eles sentem é tristeza por você ter desaparecido por dois dias e ter chegado com tanto mau humor...
- Ah, ah... Não acredite nisto que afirma. Não sinto nenhum carinho destes dois. Apesar de nunca ter demonstrado a minha insatisfeção pessoal naquela casa, aqui me tens a mostrar como realmente me sinto.
- Clara, - Disse Fernando. - Vamos mudar de assunto. Ainda me sinto um pouco cansado do ambiente do hospital e queria sair desta cadeira para a cama. Dormimos aqui esta noite e amanhã vamos para casa. Lá conversaremos. - Disse Fernando já levantando da cadeira para sentar outra vez como se tivesse ficado tonto.
- Pai, - Gritou Carolina - Não deves levantar sozinho. Eu te ajudo a chegar até a cama.
Sr. Fernando foi com Carolina e Clara aproveitou para dizer a D. Amélia que o que ela foi fazer durante estes dois dias foi justamente cuidar do futuro da família. E que este futuro só poderia ser bom se a mulher que o Fernando insiste em gostar, tivesse a quilômetros de distância.
- Clara, o que você fez? - Perguntou D. Amélia assustada.
- Já saberás... Já saberás... - Respondeu D. Clara, com um sorriso cínico na cara.

6 comentarios:

Tiago Soarez dijo...

Joyce
Gostaria de agradecer a sua visita ao Bossa Nova Café! É sempre um prazer ler um comentário seu por lá!

Sabe de uma coisa? O que eu mais gosto de ver no seu blog é o lindo português europeu!

as palavras, que usam a letra "c" como "exacto" ou "directamente" são fascinantes. pena q o português brasileiro não tenha isso...

o texto a vingança é ótimo... gostei mto

Grande abraço!

Joice Worm dijo...

Obrigada pelo elogio ao português Thiago. Eu sou brasileira e vivi em Portugal 20 anos, agora estou em Espanha há 2. Imagina como vai o meu sotaque, escrita, etc. Por vezes vai notar com misturo algumas coisas, como escrever "una" ao invés de "uma" ou "alguna" no lugar de "alguma" ou "y"... e o luso-brasileiro mantenho por gostar também de escrever com os "c"s... tecto, facto, exactamente, e o "p" em optimo...
Adorei o seu comentário. Mas, preste atençao que esta é a página 23 de uma novela que escrevo on line.
Um forte abraço para ti também, Thiago.

Beto Mathos dijo...

Saudades de passar por aqui...mas, sempre que venho, é uma boa supresa.
Grande beijo!

Joice Worm dijo...

Oi Beto,
Tenho tentado escrever, mas o tempo me obriga a outras coisas. Tenho uma vida inteira preparada para Carolina, e D. Clara vai deixar todos com uma certa fúria. A vida dela nunca foi fácil e porisso, não vai querer facilitar para ninguém. Entretanto, tudo isso pode dar uma volta muiiiito grande...

Tiago Soarez dijo...

Joyce,
Muito bom! Agora que percebi que se trata de uma novela, tive que acompanhar outras páginas que já estavam publicadas aqui. Conclusão: adorei!

Agora é só uma questão de acompanhamento!

Abração!

Tiago Soarez dijo...

Ah sim, e antes que eu me esqueça, vou linkar seu blog entre os favoritos do Bossa Nova.

;)