jueves, 1 de mayo de 2008

Carolina só...

Aquele chocolate estava com certeza muito bom ou ela tinha muita fome, pois quando começou a comer, lambuzou toda a roupa e a carinha de anjo, com os sabores do cacau adocicado.
Enquanto comia, eu a mirava e me perguntava de onde poderia ter saído tão linda menina. Paguei o chocolate e saí com ela da loja para ver se dando uma volta pela calçada, eventualmente encontraria a sua família.
- De onde você veio?
- D'ali - respondeu a menina misteriosa como se lembrasse afinal alguma coisa. -Estou com meu pais. Eles estão nas compras e eu ando um pouco pela cidade enquanto espero.
- Ah, bom. Confesso que pensei que você estivesse perdida e esquecida. Estava com um ar tão taciturno que não sabia o que pensar. Como te chamas? - Perguntei, ainda desconfiado.
- Carolina. Meu nome é Carolina só.
- Carolina Só?
- Não, tenho outro nome depois de Carolina, mas não gosto. Disse ela, explicando.
-Não faz mal. Não tenho interesse em saber o seu nome completo. Não acha que já está na hora de voltar para junto de seus pais? Já devem estar preocupados.
- Não. Na verdade não tenho vontade nenhuma. Eles não gostam de mim. Disse ela, abaixando a cabeça.
- Bobagem! - corrigi. - Por vezes pensamos que as pessoas não gostam de nós, mas é porque cada um tem uma forma de demonstrar. Não se preocupe. Com certeza eles gostam de ti e neste momento já estão preocupados. Olha lá aquele casal na porta daquela loja. Parecem procurar alguém.
- São eles. São os meus pais adotivos. - Disse ela, mais uma vez abaixando a cabeça tristemente. - Não quero voltar para casa com eles.
- Desculpe-me pequenina, mas tens que voltar com eles. Ninguém em parte alguma pode ficar contigo a cargo. Você só pode sair de casa e da responsabilidade dos seus pais quando tiveres dezoito anos. Até lá, tem que ser alimentada, alfabetizada e conviver com eles. Quando tiveres idade para sair de casa para viver a sua vida, terei muito prazer em ajudá-la. Agora vá. Eles já estão com ar de preocupados.
Carolina, deu dois passos para frente e depois olhou para trás dizendo, "Eu não vou esquecer do que me disse. Nem do seu rosto. Quando fizer dezoito anos venho lhe procurar".
- Mas você não me conhece. Já agora me apresento, sou Jonas Almeida, ao seu dispor. - Disse-lhe mostrando a minha mão para um cumprimento mais formal.
Carolina sorriu e foi lentamente ao encontro dos seus pais. Ia com pouca vontade, quando notou o olhar de uma mulher que estava parada em uma esquina com uma criança nos braços e ao que parecia, uma mancha roxa no queixo.

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