miércoles, 14 de mayo de 2008

Uma notícia inesperada

Carolina saiu calada do quarto e caminhou todos os corredores até a saída do Hospital, também sem dizer uma palavra. Nem mesmo tinha vontade de perguntar nada sobre o seu pai. Estava angustiada demais por pensar no acto que a sua mãe tinha provocado e em realidade, só as duas sabiam.
D. Clara, ia pensativa enquanto conduzia e também não tinha intenção de dizer nenhuma palavra para Carolina. Era como se estivesse em outro mundo, no qual a Carolina não existia. Talvez fosse isto mesmo que ela estivesse a pensar naquele momento... "Se esta criança não tivesse nascido, agora me livrava de uma vez por todos dos dois...". Imaginou, Carolina.
- Amanhã, só irás comigo ver o seu pai, se te comportares como uma pessoa adulta. Não quero ouvir nem um barulho na casa. Tenho dores de cabeça e tenho muito o que pensar. De preferência, desejo que pareças que não estás lá. - Falou D. Clara, sem tirar os olhos da estrada.
- Não se preocupe, mãe. Não a incomodarei. - Respondeu Carolina, disfarçando sua voz, para parecer meiga. - Eu lhe prometo que não vais ser incomodada. Nem pelo meu coelhinho...
- Este pode jogar para a estrada outra vez, ou faça o que quiser, só não o quero ver de novo. Foi ele que provocou tudo isso. - Disse D. Clara, tentando convencer Carolina de que foi o animalzinho que provocou o acidente do seu pai.
Carolina, ficou vermelha de raiva e de agonia. Tinha vontade de dizer aos gritos tudo o que tinha visto a mãe fazer, mas, mais uma vez, não teve coragem. E sabia que nunca iria ter nenhuma oportunidade de dizer a verdade a ninguém. Não tinha amigos e não tinha idade que lhe valesse a importância de acreditarem em uma afirmação tão delicada e perigosa. Calou-se e limitou-se a abaixar a cabeça.
Quando chegou à casa. Foi directamente a casa das ferramentas do pai ver o coelhinho. Ele já lá não estava. O animal, parecendo que já sabia da sua má sorte e rejeição familiar, deu ele próprio rumo a sua vida. - Menos mal. - Pensou, Carolina, com muita tristeza por ter perdido um suposto amiguinho. - Menos, mal... - Repetiu.
Ia devagar para o seu quarto, já pensando no que tinha prometido à mãe. Mas D. Clara lhe chamou, assim que a sentiu entrar e fechar a porta.
- Venha cá, Carolina. Tenho uma coisa para lhe contar. Sente-se e não fale nada até eu acabar de dizer tudo.. Não quero ser interrompida. Há muito tempo que quero ter esta conversa contigo. Agora acho que já é hora de que saibas de algumas coisas....- Disse D. Clara, com seu ar gelado e olhar de peixe morto.
Carolina sentou-se na poltrona individual com as duas mãos juntas em cima do colo e os pés também juntos em cima do tapete, aproveitando para juntar da mesma forma os joelhos, forçando um ao outro para que não mostrasse seu tremor.
- Preste muita atenção ao que eu vou lhe dizer, Carolina... E quando acabar, não quero choros nem lágrimas, pois já sei exactamente o que eu tenho que fazer... Só lhe quero comunicar.
Quanto mais D. Clara falava, sem realmente começar o assunto, mais Carolina tremia. Seu coração já batia na veia lateral do pescoço e as lágrimas já queriam saltar dos olhos, antes mesmo de saber o que seria.
- Pois bem, menina...

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