viernes, 2 de mayo de 2008

socorro ao coelho

Deu a mão à sua mãe, que não parecia nem um pouco preocupada com seu momentâneo desaparecimento. Mas não deixou de reclamar por ter sujado a roupa com chocolate. Carolina não lhe ouvia as palavras irritadas, nem sentia os gestos que fazia bruscamente tentando lhe limpar o vestido. Estava ainda pensando no rosto da mulher que viu na esquina. Perguntava-se porque teria ela um queixo com uma mancha roxa. Será que tinha caído? Será que o bebé nos seus braços estaria morto? Ou será que alguém lhe bateu?. Olhou mais uma vez para trás e percebeu que a senhora já não estava ali. Entretanto encontrou o meu olhar com a mão a acenar-lhe com um lenço branco e a sorrir satisfeito por ela já estar acompanhada por seus pais.
Carolina foi todo o caminho a pensar na pobre mulher. Mas ao mesmo tempo estava ansiosa para chegar à casa e conversar com seu peixinho dourado. Era para ele que contava todas as suas peripécias do dia e por vezes até parecia que queria lhe dizer algo. Pensou ela, que um dia iria ensinar Jeremias a falar. Mas também pensava que seria impossível que ele fizesse isso dentro d'água.
Enquanto ia a pensar em suas coisinhas no banco de trás do carro, percebia na cara de seus pais, que eles não deviam estar lá muito satisfeitos com a vida. Tinham os dois, as cara mais sérias que um dia ela possa ter visto neles. Não falavam uma palavra e a mãe estava sempre com o rosto virado para a paisagem à sua direita. Seu pai, conduzia com atenção, mas por vezes saía da estrada distraídamente. Quando ela se assustou e gritou:
- Cuidado, pai!
Não deu tempo. Seu pai tinha acabado de atropelar um coelhinho. Parou o carro bruscamente e foi ver que espécie de animal tinha tido o azar de tamanha desgraça. Viu que o animal ainda se debatia de dores, mas não estava morto. Carolina que tinha saído do carro sem autorização, começou a chorar e pedir para levar o coelhinho com ela. Seu pai não queria e disse para ela soltar o animal à sua sorte. Não queria nenhum bicho lá em casa. Muito menos aleijado.
Sua mãe, que até aquela hora não se tinha manifestado, como se para contrariar o seu marido, disse a Carolina que não havia mal nenhum que ela levasse o coelhinho para casa. Desde que ela prometesse que cuidaria dele e limparia toda a sua porcaria. Mesmo sabendo que o porbre bicho não teria muitas hipóteses de vida.
Carolina nem acreditava na autorização e seu pai olhou irritadamente para sua mãe, entrando nervosamente para o carro. Então ela embrulhou o coelho na saia do seu vestido branco de florzinhas vermelhas e o levou para o carro. Ele parecia assustado e tremia todo o corpo, mas não tinha sangue em parte alguma. Ela passou toda a vigem a lhe acariciar o pelo cinzento tentando acalmá-lo e quando se sentiu seguro, dormiu.
Carolina, esqueceu completamente dos aborrecimentos de seus pais. E sabia perfeitamente que o coelhinho no seu colo era um pretexto de dicussão que a seguir implicaria à ela um envolvimento mais amiúde na família.
Quando chegou à casa, Carolina foi a primeira a sair correndo do carro. Na verdade não queria ouvir nenhuma advertência que a partida imaginava ela que já sabia. Gritou sem olhar para trás que iria dar o socorro para o coelhinho antes que ele morresse.
Seus pais não saíram do carro, nem mencionou palavra. Ficaram lá dentro ainda por uns minutos, calados sem olhar um para o outro.
Carolina, entrando na casa de ferramentas e primeiros socorros, que tinha seu pai em uma casota construída propositamente, olhou para trás para ver qual tinha sido a reacção deles quando viu sem querer aquilo que jamais pensava que pudesse acontecer...

No hay comentarios: