sábado, 3 de mayo de 2008

O inesperado

Sua mãe em um ataque de fúria, deu uma grande bofetada na cara de seu pai. E em um segundo, ele bateu com a cabeça no vidro lateral da janela do carro e desmaiou em seguida.
Carolina assistiu a tudo de longe, ao mesmo tempo que o coelho despertava em suas mãos. Parecia que estava bem, mas quando tentou colocá-lo no chão, viu que afinal ele tinha dificuldade em andar. Parecia ter uma pata partida. Voltou a olhar para o carro de seus pais e viu a sua mãe em cima dele a tentar despertá-lo. Chorava copiosamente e chamava por Carolina.
Ela então colocou o coelho em uma caixa vazia que ainda tinha umas poucas ferramentas e correu para ajudar a seu pai.
- Carolina, vá correndo chamar o vizinho, Sr. Marcos. Diga-lhe para me vir ajudar que eu não sei o que aconteceu. Diga-lhe que seu pai está desmaiado dentro do carro.
Carolina sabia que o desmaio não foi por acaso e que ela era culpada daquilo ter sucedido. Saiu a correr à procura do vizinho e foi todo o caminho odiando a sua mãe mais do que já lhe odiava. Encontrou o Sr. Marcos no jardim a lavar o carro e com as mãos cheias de sabão, ouviu a voz aflita de Carolina e sentiu a urgência do seu pedido.
Quando Sr. Marcos chegou, levou o pai de Carolina para dentro de casa, carregado em seus braços. Sua mãe, estava convencida de que ninguém a tinha vista bater nele e sustentava a idéia de que tudo aconteceu de repente.
- Mas o que aconteceu, D. Clara...
- Não sei ao certo. Antes, quando vinhamos a caminho de casa, Fernando atropelou um coelho na estrada. É possível que com o impacto tenha batido com a cabeça no vidro e como eu autorizei à menina que podía trazer o animal para casa contra a vontade dele, ficou furioso. Talvez tenha estado a aguentar a raiva e a pancada até chegar à casa. E quando parou o carro, desmaiou.
- É possível, é possível... Disse Sr. Marcos, acreditando na história dela.
Carolina, saiu dali a correr. Tinha vontade de vomitar e se não fosse o castigo que poderia sofrer, tinha dito a Sr. Marcos exactamente o que ela viu. Mas também sabia que ninguém iria acreditar na versão de uma criança.
Encontrou o coelhinho parado a cheirar as ferramentas sujas de óleo. Parecia mais calmo e como não se mexia, tão pouco sentia a dor da pata partida. Pegou um pedaço de trapo, partiu um pincel velho e fino que estava ali e colocou amarrado na patinha dele. O coelho não tinha reacção alguma. Era como não se importasse com a dor. Deixou-o mais uma vez e foi ver como estava o seu pai.
- Agora, dê-lhe um pouco de água e por favor, não o deixe dormir. Vou chamar uma ambulância para ver se está tudo bem com a sua cabeça, dizia Sr. Marcos, depois de ter acordado o pai de Carolina.
Saiu a correr para fazer a chamada para o Hospital e deixou Carolina encostada à porta olhando para a mãe com desprezo. D. Clara não notava que Carolina soubesse de algo e deu pouca importancia à sua presença.

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