sábado, 10 de mayo de 2008

Uma surpresa.

Carolina respondeu um "olá" baixinho e inibido. E o enfermeiro vestido de palhaço, abriu uma grande boca e disse outra vez:
- Olaaaaaaaaa.
E todos os meninos gritaram a riram-se... "Olaaaaaaaaa", como ele.
Carolina começou a rir também. - Afinal, eram todos uns grandes palhaços, - Pensou. A seguir veio a enfermeira vestida de boneca junto dela e abriu um saco. Pediu que colocasse a mão lá dentro e tirasse o que encontrasse. Carolina aceitou o desafio, pois estavam todos a olhar para ela em silêncio, mas sempre com um grande sorriso na cara. Ela não fazia ideia do que poderia encontrar lá. Mas arriscou e mergulhou a mãozinha até o cotovelo. O saco era muito fundo e vermelho. Por uns intantes ela pensou que podia ter um bicho lá dentro. Mas como se tratava de um Hospital, descartou esta idéia. Continuou a aprofundar mais seus dedinhos e finalmente tocou em um objecto de madeira. Não entendia muito o que definia aquilo que tocava. Parecia que tinha muitas peças e que acima havia uma especie de telhadinho, oras parecia que apalpava um rabinho de aninal de madeira, oras tocava em um ferrinho que estava na vertical, depois mais outro, mais outro...
- O que será isso? - Pensou Carolina.
- Tire o objecto do saco Carolina. Veja se gostas da surpresa?, - Falou Marcelo também curioso.
- Tira, tira, tira... - Gritavam todos os pequeninos.
Finalmente ela tirou devagarinho e ao mesmo tempo, quase mergulhando a cabeça dentro do saco, como se quisesse ver primeiro. E tirou de lá, muito emocionada, um lindo carrossel de madeira com quatro cavalinhos coloridos, e ainda por cima, quando Carolina fez girar os cavalinhos eles subiam e desciam ao som de uma música de circo. Seus olhos brilharam. Nunca tinha visto um carrossel tão perto e não acreditava que tinha ganho um. Abriu um sorriso largo olhando para todos com satisfação e agradecimento.
Marcos se ajoelhou aos pés dela e disse.
- Agora princesa, fica aqui um bocadinho com eles, que eu vou ver como está o seu pai e pedir para sua mãe vir buscá-la neste piso. Não demoro nada. Fique tranquila. Este palhaço que vês, é o meu irmão, que também é enfermeiro e a boneca-enfermeira, é minha namorada. Os meninos são todos amigos uns dos outros aqui. E todos eles tem problema parecidos. - Disse ele, levantando-se.
- Mas não parecem ter problemas alguns... - Disse Carolina, sem perceber como eles podiam estar tão descontraídos e felizes.
- No fundo eles não sofrem tanto como nós, talvez por terem menos conhecimento da vida e da morte ou por não querem se desligar da vida como parece querer a doença. Eles sofrem de cancêr Carolina. E os cabelos caem devido ao tratamento de quimioterapia, - Disse Marcos, ao mesmo tempo que falava baixinho se encaminhando para porta com ela.
As crianças tinham voltado para os jogos com os palhaços e chamavam a Carolina. Ela atendeu ao apelo, levando o seu carrosel para mostrar a todos.
Quando Marcos saiu, olhou a Carolina carinhosamente e fixou seus olhos azuis. Ela também olhou para ele e retribuiu a mirada meio desconcertada.

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