lunes, 26 de mayo de 2008

Duas satisfações

Por uns instantes, Carolina pensou que não tinha compreendido bem o que Marcelo havia dito. Mas não arriscou perguntar outra vez. Percebeu o motivo da tristeza que transparecia no rosto dele e tentou lhe confortar com palavras de confiança. Apesar da sua idade... Por vezes as crianças nos surpreendem.
- Olha, não fique triste não, viu? Acho que Arnaldinho já esperava que isso fosse acontecer. Ele se sentia muito bem com vocês e com a condição de vida que lhe foi imposta e quando falei com ele, parecia que só queria ser feliz em todos os momentos que pudesse...
- Eu sei, Carolina. Eu sei. - Falou Marcelo, interrompendo-a. - Apesar desse trabalho ser infelizmente rotineiro e perder muitas crianças ao longo do ano, creio que jamais me conformarei com o destino.
Carolina não se atreveu a contestar o desabafo de Marcelo. Deixou que ele próprio se auto relaxasse e aceitasse com o tempo. Ela, mesmo não tendo conhecido Arnaldinho como pretendia, e dentro da sua insatisfação pessoal, até pensou em estar no lugar do pequeno. Mas não deixou transparecer, nem falou nada para Marcelo. Não pretendia lhe agitar ainda mais a sua alma sofrida.
Quando eles chegaram no andar do pai de Carolina, D. Clara já estava lá. Não teve nenhuma reação negativa, e agradeceu a Marcelo pela boa vontade.
- Não precisa agradecer, minha senhora. Carolina é muito boa companhia. Gosto muito dela.
Carolina ouviu a voz dele dentro do seu coração como uma flecha que entra em câmara lenta e espeta levemente no sentimento sentado a dormir. Olhou para ele com ternura e o viu acenar com a mão, um até logo breve, em que Carolina notou uma mistura de alegria e tristeza.
Ela sabia que era muito jovem para amá-lo como uma mulher ama um homem. Tinha apenas doze anos e ele vinte e dois. Ainda por cima, tinha uma namorada que era encantadora. Carolina, na verdade, não estava apaixonada pelo homem, mas sim pelo amigo que ele parecia ser, pela carência afectiva que ela sofria e pela necessidade de falar com alguém que "realmente gostasse dela".
- Vamos! - Disse D. Clara, secamente.
Antes que pudessem sair do corredor, o Médico substituto de Sr. Fernando a chamou e estava um pouco agitado.
- Minha senhora, por acaso é a senhora a esposa do Sr. Fernando Pignar? - Perguntou ele, como se tivesse uma boa notícia para dar, pois seus olhos brilhavam.
- Sim. Por acaso sou. - Respondeu D. Clara, sem notar nada de extraordinário na voz do Médico.
- Muito prazer. Eu sou Alexandre Sanchez, o Médico de plantão desta noite. Queria apenas que soubesses que a Enfermeira-chefe me comunicou que depois que sua filha saiu do quarto do paciente, caíram pelo menos duas grandes lágrimas de seus olhos. Apesar do seu estado de coma, podemos afirmar que, se a menina falou com ele algo, com certeza lhe deve ter emocionado. E esta reacção é muito positiva.
- É mesmo? - Perguntou D. Clara, tentando fazer um ar feliz. - Que bom. Vamos ver se melhora então. Logo mais à noite venho fazer-lhe um pouco de companhia.
- Eu também venho contigo, mãe. - Falou Carolina, muito emocionada.
- Você ficará com a sua avó Carolina. - Disse D. Clara, se despedindo ao mesmo tempo do Dr. Alexandre.
Carolina compreendeu que não deveria ser permitido crianças durante a noite. E era possível que D. Clara dormisse ali aquela noite. Foi durante todo o caminho com duas satisfações no peito. Uma era por ter passado aqueles momentos com o enfermeiro Marcelo e a outra era por saber que poderia conversar com seu pai. Pois ele a ouvia.

3 comentarios:

☆Lu Cavichioli dijo...

linda amiga,passei rapidamente pra deixar umm beijo. Depois volto e leio com calma.
ultra beijos

Anónimo dijo...

Estou gostanado da estoria...um pouco trsite...mas otima vou atá o final
boa Sorte
bjus
sandra

Anónimo dijo...

Joice, Estou muito feliz por ter a oportunidade de Ler sua Novela da Vida, Tenho certeza que teremos muitas emoções.A personagem Carolina é adoravel.

beijos

Magda