domingo, 25 de mayo de 2008

Segunda perda

Carolina foi procurar D. Clara, mas não a encontrou. Andou corredor acima, corredor abaixo e não conseguiu ver onde estava a sua mãe. Arriscou-se descer as escadas, pois tinha medo de ir sozinha no elevador. Olhou para um lado, olhou para o outro, e nada. Nem sinal da sua mãe. Resolveu voltar para o mesmo andar do seu pai. Pelo menos assim, tinha certeza que não se perderia.
Quando virou o seu corpo para voltar a subir as escadas, ouviu alguém chamar-lhe pelo nome. "Carolina!". Ela olhou curiosa. Podia ser uma coincidencia, pois a voz era de um homem. Ouviu outra vez, mas com a certeza de que quem a chamava estava mais perto e do lado contrário ao que olhava. Era Marcelo Galardo, o enfermeiro.
- Olá, Carolina. O que fazes aqui sozinha? O seu pai não está no segundo andar? - Disse ele, preocupado - Onde está sua mãe? - Perguntou.
- Na verdade não sei. Estava com o meu pai e ela disse que eu não demorasse. Quando voltei, já não a encontrei onde me disse que estaria. - Disse Carolina, um pouco pertubada por estar outra vez com Marcelo. Olhava profundamente nos olhos dele, numa mistura de amizade e amor. Estava perfeitamente confortável em estar ao seu lado. Por algum motivo, confiava plenamente nele. Achava que lhe inspirava estabilidade e carinho. Aproveitou para lhe segurar na mão e pedir que lhe ajudasse a encontrar a sua mãe.
Marcelo, ficou muito emocionado com o pedido e a confiança de Carolina. Consentiu que apesar de estar a caminho do necrotério, podia perfeitamente acompanhar Carolina para ajudá-la a conseguir alguma informação da sua mãe.
- Olá Carmencita, você por acaso viu a mãe desta menina? Ela é a filha do senhor que está em coma no 218. Estiveram as duas aqui neste momento a visitá-lo, mas Carolina não consegue encontrar sua mãe. - Perguntou ele, à sua colega enfermeira.
- Sim, claro. - Respondeu ela. - Disse-me que ia tomar um café no Refeitório enquanto a menina estava com o pai. Tens que ir ver se ainda lá está, ou esperar aqui mesmo.
- Vamos ver se lá está. - Disse Carolina apressada, usando o motivo para estar mais tempo com as mãos dadas a Marcelo.
- Sim, vamos até lá. Mas por favor, se ela retornar, diga-lhe que Carolina está comigo e eu já a trago de volta se não a encontrar na Cafetaria.
Carolina estava mais feliz do que no dia que dia que ganhou seu carrossel. Estava com Marcelo. Era o seu amigo. E sabia que podia acompanhá-lo para todo lado que ele fosse.
- Como estão os meninos da festa? - Perguntou Carolina, já descontraída pelos frios corredores do Hospital.
- Estão como Deus manda, Carolina. Gostamos muito de estar com eles. Fazemos os possíveis para que todos os momentos de cada um, sejam os melhores de suas vidas. Não é fácil ser feliz nestas condições de saúde...
Carolina notou que Marcelo mudou de ânimo com o assunto.
- E você fica muito triste com isso, não?
- Sim, fico muito triste. - Disse ele, suspirando. E calando-se.
Fez-se um silêncio muito grande que incomodou Carolina. Entraram no elevador, saíram, viraram por um corredor que parecia um "U" e entraram na Cafetaria. Olharam os dois para todos os lados, e não viram sinal de D. Clara. Marcelo, disse simplesmente que ela não estava ali e que iria lhe colocar no andar que estava antes. Voltou outra vez pelo mesmo caminho, sempre em silêncio.
O coração de Carolina já palpitava de tanta ansiedade. Arriscou fazer uma pergunta.
- Como está Arnaldinho?...
- Arnaldinho, Carolina... Faleceu esta manhã.

4 comentarios:

Ju dijo...

quanta emoção no teu texto. lindíssimo, profundo!
beijos, querida, beijos.

Joice Worm dijo...

Oi Ju,
Só tu... Nem chegou a ver o Arnaldinho vivo e já se emocionou, imagino se o tivesse conhecido naquele bocadinho do capítulo de "Uma surpresa" em

http://novelaquaseveridica.blogspot.com/search?updated-max=2008-05-14T07%3A04%3A00-07%3A00&max-results=7

Esta por enquanto nesta página e depois será empurrada quando eu colocar uma nova. Beijinhos.

Anónimo dijo...

Olá!
Lí com muita atenção as primeiras páginas da sua novela. Estou adorando, e não tenho dúvida de que será uma grande história. Um grande beijo. Saudades!!! Walter

Joice Worm dijo...

Oi Tio,
Obrigada por ter vindo ler a novela. É muito importante para mim que me digam coisas. Preciso saber se a história é aceitável, se é curiosa, se dá vontade de ler ou dá sono...
Beijos grandes!