viernes, 30 de mayo de 2008

Um desejo de aniversário

Durante um mês Carolina conversou com seu pai sempre que pôde. O médico disse que ele estava evoluindo por razões que ela não sabia explicar, mas soube que os seus índices de vitalidade estavam dentro da média. Só lhe faltava abrir os olhos e falar, pois não seria muito bom que seu estado de coma durasse muito tempo, para que ao acordar ele não ficasse com nenhuma sequela.
Carolina já estava mais tranquila por saber que a saúde de seu pai pelo menos se mantinha. Um dia no Hospital, D. Clara a deixou sózinha por mais tempo com S. Fernando. Era o dia do seu aniversário. Fazia 13 anos. Falou com seu pai que tinha muita saudade dele e que como completava esta idade, ela é que tinha trazido um presente para ele. Dentro do seu bolsinho do vestido, Carolina trazia a fotografia da sua mãe. Ainda não tinha plena certeza, mas quanto mais via a fotografia, mais desejava que aquela senhora fosse realmente sua mãezinha...
- Pai... - Disse Carolina.- Trouxe a fotografia que lhe tirei da gaveta. Assim podemos, os três, comemorar o meu aniversário.
Carolina segurou a mão do seu pai e colocou o dedo indicador dele a acariciar o rosto da fotografia. Apesar de Sr. Fernando não colaborar com o gesto e deixar que seus dedos fossem guiados pela mãozinha da Carolina, ela viu que de seus olhos mais uma vez, escorria uma lágrima. Notou que suas cores mudaram como se ele estivesse nitidamente emocionado.
- Eu sei que não podes falar comigo, mas hoje o maior presente que podia receber, era que o senhor finalmente acordasse. E completava a minha alegria se me desse a certeza de que esta senhora era minha mãe... E mais, se Deus existe, - Continuou Carolina, com a mão no peito, como se estivesse a fazer um pedido a Ele.- queria saber onde a poderia encontrar...
Depois de ter falado em voz alta, deixou-se divagar em seus pensamentos, como se estivesse a imaginar este dia. Ficou durante uns segundos com a sua mão, a mão do Sr. Fernando e o retrato da sua mãe, agarrados a um passado que nenhum dos três saberia contar ao certo, pois nunca tiveram oportunidade de aproveitar.
Neste momento, como por milagre, Carolina sentiu que a mão de S. Fernando apertou levemente a sua. Pensava que tinha sonhado, quando de repente ele repetiu o gesto, mas desta vez, mais forte. Tanto que Carolina teve que tirar a foto para não a machucar. Voltou a colocar dentro do seu bolso e olhou para ele. - Pai, pai, pai... Disse ela tentando acordá-lo. - Estás a me ouvir? - Continuou. - Acorde pai. Vamos procurar mamãe. Vamos viver os três juntos e ser feliz. Por favor pai, já não aguento viver assim. Faço hoje 13 anos e não lembro nunca de ter sido feliz. Por favor, pai, me ajude...

4 comentarios:

mundo azul dijo...

Uma historia triste, mas, com um final que me parece feliz... Gostei da sua narrativa!
Beijos de carinho e muita luz...

Joice Worm dijo...

Oi linda azul! Obrigada pela visita. Espero que esteja acompanhando desde o inicio. A narrativa é uma intenção de Novela e apesar de haver tristezas, também vai haver alguns momentos de alegria e outros pigmentos da vida... É uma narrativa para distrair-me e corrigir-me. Quero com esta história, encantar e aprender. Um beijo grande para ti e mais uma vez obrigada por ter aqui chegado...

Beto Mathos dijo...

Você é especialista em me fazer chorar. Adoro isto!
Grande beijo!

Joice Worm dijo...

Oi Beto,
Que legal que me contou que consigo extrair emoções. É sinal que estou indo por um bom caminho. Prometo que não o torturo muito... (risos). Uma beijoka para ti!